31.10.07

Zé Pereira #3

Nessa próxima quarta-feira, dia 31 de outubro de 2007 vai rolar a festa de lançamento da Revista Zé Pereira número 3. A parte de cinema dessa edição da Zé Pereira está caprichada: temos o perfil de ninguém mais ninguém menos do que o grande montador do cinema brasileiro Severino Dada. A matéria, fotografada por Michael Ende e escrita pelo contracampista Rodrigo de Oliveira, apresenta o sugestivo título "Não existe cinema sem um botequim". Sabemos que muitos filmes, ideais, criações surgem sim a partir de um bom copo de cerveja com os amigos, e por isso o lançamento, que terá cerveja de graça, é uma boa pedida para a gente pensar sobre o que de novo se está fazendo por aí.

A festa será no Puebla Café, na Rua Voluntários da Pátria, 448, loja 23. Quem pintar por lá ganha um exemplar.
Estevão Garcia

16.10.07

Jabor no Rio, Khouri em SP e Polvos em BH

Nesse meio-tempo entre o Festival do Rio e a Mostra de SP, seguem três destaques:

No CCBB do Rio, começa hoje uma mostra em homenagem ao Arnaldo Jabor, 40 anos de Opinião Pública. Vale a atenção pelo menos por dois motivos: primeiro porque os filmes do Jabor são bons; segundo e em decorrência disso, porque vê-los em retrospectiva e ter a oportunidade de debates sobre os filmes e sobre a própria figura do Jabor permite que a gente reflita sobre esse percurso que ele fez, tanto de cineasta a comentarista de jornal e televisão quanto de integrante de uma geração inconformada a essa figura que a gente vê hoje... Enfim, o que eu acho mais esquisito nisso é que costumo gostar muito dos filmes do Jabor, mas confesso que sempre fico preocupado quando ouço falar que ele vai voltar a filmar. Enfim, espero que volte mesmo e que se saia bem, porque o Jabor se saía bem melhor como cineasta do que como comentarista de TV e jornal.

Em SP, o Museu da Imagem e do Som apresenta a partir de amanhã uma mostra de filmes do Walter Hugo
Khouri. Aqui na Contra há bastante divergência com relação ao valor dado aos filmes do Khouri. Bem, eu gosto muito de alguns, não de todos. Gosto especialmente de As Amorosas, o filme com Paulo José, Jacqueline Myrna e Anecy Rocha que Khouri fez em resposta a todo o contexto do final dos anos 60. É um filme egóico, melancólico e pessimista, como quase todos os do Khouri (alguns são mais bem-humorados, outros são mais sombrios), mas de certa maneira nos conduz a esse sentimento e nos faz partilhar dele, e só por isso já seria um filmaço. Vão exibir outros filmes bastante interessantes, como os clássicos Noite Vazia e Corpo Ardentes, assim como o seu último filme a entrar em circuito, As Feras. Isso rola de 17 a 21 de outubro, com sessões às 19hs e 21hs.

Por fim, o destaque maior vai não para uma mostra, que já acabou, e sim para a cobertura feita a ela. Nós aqui do eixão ficamos imersos nos Festival do Rio, mas na semana passada rolou em BH o festival Indie, que é organizado pelo pessoal da Zeta Filmes e, além de ter apresentado um panorama internacional como todo ano, em 2007 fez uma mostra com quase todos os filmes do Hong Sang-Soo (foram exibidos seis dos sete que ele já fez). Como os leitores devem lembrar, há algum tempo a Contracampo já dedicou uma pauta aos seus filmes. E, tendo em vista isso e a recente exibição dos seus filmes em BH, aproveito a ocasião para passar o link do Filmes Polvo, site feito por um pessoal de Minas que tem uma cobertura do Indie 2007 a se conferir - além de todo o panorama, há mais de um texto para cada filme exibido do Hong Sang-Soo. Vale dar uma boa olhada - os textos do site são sempre bem legais. E os polvos já são parte da turma (de quebra, recentemente ganharam o reforço do Marcelo Miranda).
Daniel Caetano

6.10.07

Prêmio Jairo Ferreira: Edição Especial Festival do Rio 2007

Reunidos no bar da Voluntários da Pátria que abrigou boa parte das conversas pós-filme ao longo destas duas últimas semanas (e que ontem, entre outras coisas, nos recebeu ainda siderados pelo refrão da música "Bed, Bath & Beyond", berrada por Sylvia Miles nos créditos finais de Go Go Tales), críticos divididos entre as revistas Contracampo, Cinética e Paisà participaram desta edição especial do Prêmio Jairo Ferreira. Chance de recordar os filmes mais queridos a que assistimos neste belo Festival do Rio, a mesa lembrou muito a primeira iniciativa deste mesmo grupo, na Mostra de São Paulo do ano passado, quando ainda atendíamos pela insígnia de "crítica independente", e premiamos Juventude em Marcha e Serras da Desordem como nossos preferidos daquele evento. De lá para cá, a oficialização do nome desta congregação de companheiros de jornada, a adoção de Jairo Ferreira como símbolo de uma geração de novos pensadores de cinema no Brasil, e a bela cerimônia de entrega dos prêmios de melhores do ano realizada no Cinesesc paulistano em maio último.

Chegamos ao Rio com 15 críticos votantes, e depois de dois turnos, num triplo empate bastante emblemático da força da programação deste festival, elegemos como os MELHORES FILMES DO FESTIVAL DO RIO 2007:

Síndromes e um Século, de Apichatpong Weerasethakul
Paranoid Park, de Gus Van Sant
I’m Not There, de Todd Haynes

Todos estes filmes foram bastante comentados pelas três revistas participantes da votação, e aqui na Contracampo não só mereceram textos bastante encantados com o que vimos (sobre o filme de Haynes até tivemos duas críticas a respeito), como foram extensamente comentados no diário dos editores. E, de resto, são três filmes que representam de maneira expressiva aqueles outros que acabaram ficando de fora da premiação final, mas que não foram menos entusiasmadamente discutidos e reverberados por nós e pelos nossos parceiros cinéticos e paisàticos. Se para cada Síndromes existiu um Silenciosa Luz e um Império dos Sonhos, para cada Paranoid outro Floresta dos Lamentos ou Mulher na Praia, e ainda um Lady Chatterley e a dupla presença de Manoel de Oliveira para todo I’m Not There, nem assim, com meia dúzia de exemplos, conseguimos ignorar que existiu outra meia dúzia igualmente encantadora: Ferrara e Chabrol, De Volta à Normandia e O Sol, Tarantino e Rodriguez. E ainda muitos outros unânimes, e mais todas aquelas idiossincrasias de cada um de nós, os filmes que amamos sozinhos (mas nunca em segredo: escrevemos sobre eles também!).

Repletos de bom cinema e com uma reserva memorial que nos bastaria pelos próximos 6 meses, ainda assim não nos damos por satisfeitos. Em menos de duas semanas começa a 31ª Mostra de São Paulo, e no fim dela uma nova edição especial do Prêmio Jairo Ferreira, numa nova mesa de bar. E torcemos para que a programação paulistana torne nosso trabalho de votação tão deliciosamente complicado quanto a programação do Rio, de que agora nos despedimos.

Até São Paulo!
Rodrigo de Oliveira