29.10.05

Mr. Sganzerla na terça-feira!

Já está aqui do lado a programação completa da Retrospectiva Rogério Sganzerla: Cinema do Caos. A partir de terça-feira, dia 01/11, no CCBB-RJ, estará aberta ao público a maior retrospectiva já realizada da obra do cineasta. Ao longo dos doze dias de projeções, debates e homenagens, vamos indicar aqui no PG os maiores destaques da mostra. Nos vemos por lá!
Felipe Bragança

27.10.05

A Maldição das Dicas do Dia

No primeiro dia de Mostra, indicamos aos leitores que não perdessem o filme de Rithy Panh. Só que quem foi até o cinema não viu o filme, por uma incompatibilidade técnica (estranhamente descoberta em cima da hora) entre o material digital original e o sistema de projeção (mas os sistemas digitais não vinham, entre outras coisas, resolver falhas de projeção???).
Pois hoje, 27/10, não só recomendamos O Porto da Minha Infância como fomos em peso conferi-lo na Sala Cinemateca (o que, como sabe quem conhece SP, significa um tremendo dispêndio de tempo em deslocamento). Só que, lá chegando, descobrimos que o filme foi trocado sem aviso prévio. Até segunda ordem, supomos, não tem nada a ver conosco esta urucubaca. Mas não custa se precaver...
Eduardo Valente

Um Rápido Parabéns

Eros está em cartaz no Espaço Unibanco de São Paulo, ao lado da sala da Mostra. Passando na porta, uma atitude a ser notada - embaixo do nome do filme, no cartaz que anuncia seus horários, está escrito bem grande: "EXIBIÇÃO DIGITAL". Não é nada, não é nada, é o tipo de cuidado que o espectador merece receber. Tão respeitoso, aliás, quanto o hábito do Arteplex paulista de colocar no quadro de críticas e matérias de jornal que têm do lado de fora das salas, tanto as positivas quanto as negativas - considerando que o espectador é inteligente o suficiente para decidir com qual delas ele concorda. Ah, se a moda pega...
Eduardo Valente

Uma Mostra Portuguesa, com Certeza

O leitor notará que o ritmo das atualizações na cobertura da Mostra de São Paulo tem sido um pouco menor do que no Festival do Rio. Isso tem motivo, e o motivo tem nome: Manoel de Oliveira. Por conta de uma retrospectiva quase completa da sua obra, incluindo muitos filmes jamais vistos em cinema por aqui, a programação da maioria dos redatores está sendo quase toda ocupada pelo simpático velhinho... anteontem, por exemplo, teve filme de sete horas e meia; ontem, quatro filmes seguidos... Isso quando não se consegue um tempo ainda de ir atrás da retrospectiva, também substancial, de Victor Sjöstrom. Como, de resto, os principais títulos foram exibidos no Rio (as exceções - como Cronenberg, Guediguian, etc - prometemos cobrir logo), nos desculpamos pelo menor ritmo atual. Ideal seria que retrospectivas como estas não acontecessem simultaneamente com o momento de nos colocarmos em dia com a produção contemporânea mundial, mas não adianta sonhar que estamos em Paris...
Fica uma dica e um aviso: primeiro, a dica, porque não existe isso de concorrência, é que o leitor acompanhe também a cobertura do Cine Imperfeito e, em especial, do Cinequanon.art, onde os redatores se multiplicam pelas salas seguindo os filmes mais obscuros. O aviso: tanta atenção da redação a Manoel de Oliveira, é claro, se refletirá em detalhes na próxima edição da Contracampo.
Eduardo Valente

20.10.05

Cannes é aqui! É?

Vai começar a segunda parte da maratona cinéfila brasileira, e a lista de SP veio adicionar cinco títulos que participaram da competição de Cannes e que faltaram no Festival do Rio (entre eles o essencial Marcas da Violência, de David Cronenberg), além do ganhador do prêmio da Fipresci para a Un Certain Regard (Sangre) e de um dos ganhadores de prêmios oficiais da mesma mostra (Cine-fragmentos - sendo que os outros dois passaram no Rio) - isso sem contar o vencedor do Câmera de Ouro, que veio da Semana da Crítica (Eu, Você e Todos Nós). Para quem quiser ver o copo cheio, está mais do que claro que este ano tivemos um retrato especialmente abrangente do que se viu no principal festival de cinema do mundo. Já para os do copo vazio... Bom, coincidência ou não, na avaliação humilde deste que vos escreve, faltaram simplesmente os melhores filmes de cada uma das principais sessões do Festival, ou seja: Three Times, de Hou Hsiao-hsien, na Competição (embora, verdade seja dita, a disputa ali com L'Enfant e Last Days seja pau a pau); e os indiscutivelmente superiores (sempre na minha humilde opinião) Down in the valley (Un Certain Regard) e Be with me (Quinzena dos Realizadores). A conclusão é óbvia: por mais abrangente, retrato nenhum mostra a realidade como ela de fato é. E sempre vai ter um chato reclamando - com maior ou menor razão...
Eduardo Valente

Jornalismo?

O Ricardo Noblat publicou no seu blog um belo texto do xará Caetano Veloso sobre o baixíssimo nível do dito jornalismo praticado pela revista Veja (toc-toc-toc, três batidas na madeira...) nas suas matérias pretensamente sobre cultura e arte - texto gerado, na verdade, a partir de uma carta enviada pelo artista à revista e não publicada.
Bem, falar mal da Veja (toc-toc-toc) é fácil, mas o artigo do Veloso faz isso muito bem - dá até pra entender o porquê de não terem publicado... - e também faz uma análise bastante interessante de uma transformação que rolou no jornalismo cultural brasileiro.
Fica como dica de leitura, portanto.
Daniel Caetano

14.10.05

Sganzerla no Rio!

Videos, filmes, debates, catálogo, fragmentos de obras e documentos inéditos. De 31/10 a 13/11, o CCBB-RJ vai receber a mais completa retrospectiva da obra de Rogério Sganzerla já vista no país. Com idealização e organização da Associação Cultural Contracampo e curadoria de nosso editor Ruy Gardnier, vamos trazer a público uma coleção de raridades, algumas inéditas, da obra deste que foi um dos grandes de nosso cinema. Depois da maratona que foi a Retrospectiva Julio Bressane: Cinema Inocente três anos atrás, a Retrospectiva Rogério Sganzerla: Cinema do Caos pretende continuar a proposta da Contracampo de unir a exibição de filmes clássicos com uma pesquisa aprofundada do acervo pessoal do cineasta, combinando obras-primas inegáveis com pequenas pérolas e obras inacabadas. Mais notícias em breve aqui na Contracampo! Até breve...
Felipe Bragança

7.10.05

Nesta quarta, 12/10, a Sessão Cineclube comemorará sua centésima edição no Odeon BR. Como não poderia deixar de ser, será uma noite especialíssima, que começa às 18h30 com a exibição de Café Lumiére, de Hou Hsiao-hsien, filme que, além de ter sido um dos destaques do Festival do Rio e de nos dar uma rara chance de ver no cinema este que é um dos cineastas mais importantes do mundo na atualidade, também é uma homenagem ao centenário de Yasujiro Ozu (celebrado em 2003). Pois, na sequência do filme de Hou, exibiremos exatamente Era Uma Vez em Tóquio, de Ozu. Depois desta sessão-dupla dos sonhos, teremos o debate de sempre com a platéia. Completando cem edições, com uma programação especialíssima já sendo montada até o fim do ano, a Sessão Cineclube, iniciativa conjunta da Contracampo com o Grupo Estação, tem comprovado (junto com muitos outros eventos) a viabilidade de ações diferenciadas que apostem no cinema como fonte de prazer, reflexão, discussão e de dividir experiências únicas - celebremos então esta sessão, que por natureza já é uma celebração!
Eduardo Valente

Festival do Rio - Segunda Chance aqui também

A gente espera que os leitores cariocas tenham curtido o Festival do Rio e que também tenham curtido a cobertura que fizemos - tentamos fazer a mais abrangente possível. E, assim como o Festival dura mais uma semana a partir de agora (no que, aliás, já é uma tradição tão constante que poderíamos considerar como parte do Festival), o mesmo acontece com a cobertura da Contracampo. Não só poderão entrar textos sobre filmes que só agora iremos ver (Reis e Rainha, por exemplo), como entrarão textos de filmes que já não passarão mais, mas que só conseguimos dar conta agora de refletir e escrever, porque a correria de tentar escrever tudo enquanto se vê é uma insanidade. Por isso, continuem seguindo a cobertura durante a próxima semana, porque prometeremos novidades até a quinta que vem. E preparem-se para a Mostra de SP a partir do dia 21/10... Eu já estou descansando por conta!
Eduardo Valente

3.10.05

O nascimento da modernidade

Bem, fugindo um pouco do assunto "festivais", que já está tomando algumas páginas aqui da revista, segue aqui uma dica musical: graças ao site rapidshare e a uma comunidade dedicada a João Gilberto no orkut, diversos internautas começaram a trocar algumas gravações raras do chamado "papa da Bossa". Já que Coisa mais linda ainda está em cartaz, acho que a dica vale para quem quiser conhecer algumas raridades que podem trazer mais luzes sobre essa tal Bossa Nova do que o referido longa, que, como já escrevi na crítica, funciona mais como crônica de uma turminha do que como registro e análise de um movimento musical e cultural.
É o caso, sobretudo, das primeiras gravações de João Gilberto, cerca de seis anos antes de "Chega de saudade" e "Bim-bom". Muito comentadas e até hoje pouquíssimo ouvidas, as gravações foram postas à disposição de qualquer um que se interessar pelo colecionador Arquimedes Luiz e pela pesquisadora Daniella Thompson. São gravações de 1951 e 1952: quatro delas ("Quando você recordar", "Amar é bom", "Anjo cruel" e "Sem ela") feitas pelo conjunto vocal Garotos da Lua, de que João foi crooner por um curto período, e mais duas outras ("Quando ela sai" e "Meia-luz") em gravação solo do cantor - é curioso notar que as gravações solo soam mais antiquadas do que as com o conjunto.
Mas, principalmente, essas gravações denotam como foi profunda a transformação que, seis anos depois, João Gilberto provocou na música e na cultura brasileiras. Entre elas e "Chega de saudade" há o pulo-do-gato decisivo, que criou aquele biscoito fino e tão bonito que as massas descobriram.
Bom, nem vou me alongar mais, porque muito já se escreveu e também porque dá pra escrever sem parar sobre essa transformação. Mas, pra quem só conhece a forma de cantar que João desenvolveu posteriormente, fica o aviso: a comparação é impressionante.
Daniel Caetano

2.10.05

O nome do Festival

Depois de pouco mais de uma semana do Festival do Rio, é preciso que se registre - após o incrível A Marca do Terrir e o hiper-divertido Um Lobisomem na Amazônia, esse Festival tem um nome: Ivan Cardoso.
Daniel Caetano