31.7.05

Documentários e o futuro...

A Nomínimo publicou dois textos extraídos de palestras de Eduardo Escorel e João Moreira Salles sobre "o futuro do documentário brasileiro". Ok, o tema assusta um pouco, mas os textos são bem legais, merecem uma boa lida.
Como são dois textos com várias reflexões, são bem interessantes pra provocar idéias novas sobre cada ponto defendido - mas achei especialmente curioso notar que o Escorel, ao falar do "enigma" que os documentários pretendem "desvendar", não fala num "enigma chamado mundo" ou num "enigma chamado cinema" - fala em desvendar o "enigma chamado Brasil". Olha aí a tradição cinemanovista se manifestando com clareza na fala de Escorel...
É curioso como essa questão se reflete de maneira oblíqua no texto de João Salles, no uso que ele dá ao pronome "nós" (à parte seu achado legal na comparação com o Ancien Régime francês).
Pra complementar (e em alguns pontos contrapor), faço aqui a propaganda da lojinha, sem pudores: vale dar uma olhada num ensaio do Felipe publicado na Contra há cerca de um ano, chamado Eu não vou falar no documentário brasileiro.
Daniel Caetano

17.7.05

Back to Maldita

Pois é, acabou-se o que era doce. Depois de um belo sejour parisiense, em parte documentado aqui na Contra e em parte ainda a ser documentado, estou de volta e, como sempre acontece nesta revista, mal se chega e já é hora de festejar. Por isso, amanhã, no horário de sempre (lá pelas 23h30), vou me juntar aos sempre antenados editores-DJs Ruy e Junior, com a minha completa falta de antenação, em muito acentuada neste 4 meses e meio. Apareçam lá na Casa da Matriz, em Botafogo, e curtam com a gente a alegria do reencontro. Se a festa de despedida foi um clássico, essa então promete!
Eduardo Valente

2.7.05

A Tática do Rodízio de Faltas

Enfim, depois de bastante discussão, saiu a lista de filmes patrocinados pela Embr... perdão, pela Petrobras. É no mínimo curioso: num ano Diegues critica os critérios, não ganha nada e Barreto ganha; no outro, Barreto critica, não ganha nada e seus parceiros defensores do tal cinema industrial ganham. É a versão cinematográfica da tática do rodízio de faltas.

Ok, este comentário é um pouco impreciso (O Casamento de Romeu e Julieta é anterior às tais críticas de "dirigismo") e certamente a lista de filmes tem escolhas bem bacanas a se comemorar, tanto de estreantes quanto de realizadores há muito sumidos, e não são poucas. Mas este sabor "mais do mesmo", sempre presente nessas listas, não deixa a gente fugir da velha questão, já comentada num post abaixo: qual foi o retorno que deram os filmes anteriores de realizadores já outras vezes premiados pela Petrobras? Não apenas Diegues com, por exemplo, Deus é Brasileiro e Orfeu - e Sérgio Rezende com Guerra de Canudos? Daniel Filho com A Dona da História?

A intenção aqui não é de atacar estes realizadores ou estes filmes não - eles seguem as regras do jogo, elas é que precisam ser mudadas!
Porque senão temos um problema - como um filme pode se pressupor competitivo no mecado se ele não tem que apresentar retorno financeiro e consequente reinvestimento? Por que o pretenso sucesso dos nossos filmes ditos industriais nunca banca a feitura de novos sucessos? Somos todos a favor do cinema realmente competitivo: faria muito bem ao cinema brasileiro ver filmes gerarem novos filmes.
Nosso cinema industrial deve continuar dependendo da Petrobras e da Lei Rouanet?
Se for assim, não seria melhor colocar então os patrocínios a certos produtores como "escolhas diretas", como acontece com alguns festivais?
Daniel Caetano