Frase do dia

De Mojica: "Agora tudo vem com atestado do Ibama, as aranhas, as cobras. Por incrível que pareça. O Brasil é país farto nisso tudo, mas tem que vir do exterior, porque o Ibama não deixa usar espécies nativas".
Daniel Caetano

Um poema de Cavalcanti

Emmanoel Cavalcanti, ator, poeta, cineasta e amigo, que faz aniversário hoje, dia 23 de dezembro, nos manda esse presente que publicamos na coluna aqui do lado: um poema épico/íntimo sobre a gênese, sobre a criação, sobre um amplo/particular cinema solar, "luz que abre a retina madrugadeira".
Um feliz aniversário para Cavalcanti!
Luís Alberto Rocha Melo

Um a um

Assistindo ao DVD de Scarlet Street, do Fritz Lang, que na versão brasileira ganhou o empolgado nome de Almas Perversas, fiquei com uma impressão.
O Lang fez um filmão com o Human Desire, mas o La Bête Humaine do Jean Renoir, baseado na mesma história (um romance do Zola), é melhor.
Em compensação, o La Chiènne do Renoir é um filmaço, mas o Scarlet Street do Lang, também baseado numa mesma história (um romance do francês La Fouchardière), é ainda melhor.
Conclusão: deu empate. Ganhamos todos e estamos conversados.
Daniel Caetano

São Paulo S.A. na Cinemateca do MAM

Sexta-feira, dia 15 de dezembro, às 10hs, vai rolar uma exibição imperdível do filme São Paulo S.A., de Luiz Sérgio Person. A cópia está em ótimo estado e, além disso, vale a pena visitar a Cinemateca nesse momento de sua reestruturação e renovação!
A exibição é gratuita.
Compareçam!
Luisa Marques

A foto definitiva de Pinochet

Sabe aquela frase "uma imagem vale mais de mil palavras"? Pois é, não sou dos partidários dela não, acho que é um truísmo bastante frágil.
Mas tem vezes em que nem há o que discutir mesmo. A foto da capa da Folha de hoje é um desses casos. Diante de uma imagem assim, nem tem mais o que dizer, não é mesmo?
Daniel Caetano

Pra inglês ver ou pra boi dormir?

Ainda sobre o circuitão de estréias, já comentado na nota aí embaixo, queria agora dividir uma impressão que eu tenho aqui sobre Turistas, esse filme americano que se passa no Brasil e que nem estreou ainda nos cinemas, mas cujo trailer já vem fazendo um rebuliço na web brasileira.
Ok, vejamos: pelo trailer dá pra perceber que o filme começa com aquela velha história de "paraíso tropical", com música e sexo, pra depois virar uma historinha também já bem conhecida de terror adolescente, do tipo "eu quero voltar pra casa!". Ok, beleza, até aí tudo bem.
Aí começou uma gritaria bem óbvia, rasteira, criticando o filme pela imagem falsa e superficial, através de reportagens, fóruns, correntes de e-mails - uma olhada via google já demonstra isso. Ok, beleza, até aí tudo bem também.
Mas só fica uma pulguinha atrás da orelha: essa mobilização toda começou por causa de um trailer na web e, talvez, em alguns cinemas? Essas reportagens feitas pelos jornais, elas foram pautadas pelo tamanho da mobilização anti-Turistas? Ou o pessoal da assessoria de imprensa do filme gringo anda dando uma forcinha?
Digo isso porque eu mesmo, depois de ler os e-mails convocando todos a um boicote generalizado ao filme, fiquei com uma vontadezinha de ver ele no cinema. Mas, olha, ando desconfiado de ser esse o truque.
(além de, à primeira vista, o filme parecer ser bem ruim)

De todo jeito, seria uma paranóia divertida considerar relações diretas entre as estréias de Olhar Estrangeiro e Turistas - até porque, se essas relações tiverem sido planejadas pelas distribuidoras e um filme acabar servindo pra "esquentar" o outro, quem pensou nessa idéia fez a piada cinematográfica do ano.
Daniel Caetano

Circuitos

Bem, vocês sabem que a galera é bem resmungona. E aí, uma notinha pra comentar sobre o monte de opções de filmes nos cinemas é pra ser feliz da vida ou resmungona?
Porque vejamos só:
- tem a Curta Cinema, que mal começou;
- a partir de terça-feira, tem mostra Cassavetes no CCBB. Tipo, tem Opening Night em película. Dizer o quê?;
- e no circuitão, olha, tá fogo. Não? Então vejamos o que temos no momento, entre filmes a se ver e obras-primas: Volver, Os Infiltrados, Os Amantes Constantes, O Labirinto de um Fauno, O Crocodilo, A Última Noite... bem, ainda não mencionei os brasileiros, começando pela maravilha O Céu de Suely e seguindo por Eu Me Lembro, Incuráveis, O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias...
É, tem coisa pra chuchu. Ótimo, né?
Bem, desde que dê tempo de ver tudo. Logo no final de ano, que é essa correria toda?
Daniel Caetano

Criss-cross

Uma notinha na coluna de hoje da Mônica Bergamo (aqui, somente para assinantes) avisa que Muito Gelo e Dois Dedos D'água obteve recentemente, depois de considerável tempo de exibição, a marca de 500 mil espectadores. É uma ótima marca para um filme médio, mas acaba sendo considerado um relativo fracasso por conta do investimento feito - era o tipo do filme de que se esperava o dobro da renda.

Isso pode não ser a notícia mais importante do mundo, é claro (porque é mais importante no momento falar das qualidades e problemas dos filmes em si do que de suas bilheterias), mas tem um sentido inequívoco: é a primeira vez em que um filme com grande investimento da Globofilmes em cross-media não chega à casa do milhão de espectadores.
Cross-media, pra quem não sabe, é a publicidade feita dentro dos próprios programas, como quando aparecem personagens de novela falando bem de um filme. Cazuza ganhou um capítulo inteiro da novela Celebridade, com direito a entrevista da diretora Sandra Werneck, e assim o filme teve mais de dois milhões de espectadores nos cinemas. Se Eu Fosse Você foi anunciado em vários programas (como Casseta&Planeta) e novelas, e teve mais de três milhões de espectadores. Muito Gelo e Dois dedos D'Água teve tudo isso e não conseguiu emplacar da mesma maneira. Sinais de fadiga do esquema de cross-media? Problemas do próprio filme? Erro de estratégia ou de época de lançamento?

Bem, mas não deve haver motivo para preocupação. Com apoios tão sólidos para a produção de cinema, perder dinheiro é coisa de amador, não é mesmo? Ainda bem que a Rouanet foi prorrogada!
Daniel Caetano