6.10.07

Prêmio Jairo Ferreira: Edição Especial Festival do Rio 2007

Reunidos no bar da Voluntários da Pátria que abrigou boa parte das conversas pós-filme ao longo destas duas últimas semanas (e que ontem, entre outras coisas, nos recebeu ainda siderados pelo refrão da música "Bed, Bath & Beyond", berrada por Sylvia Miles nos créditos finais de Go Go Tales), críticos divididos entre as revistas Contracampo, Cinética e Paisà participaram desta edição especial do Prêmio Jairo Ferreira. Chance de recordar os filmes mais queridos a que assistimos neste belo Festival do Rio, a mesa lembrou muito a primeira iniciativa deste mesmo grupo, na Mostra de São Paulo do ano passado, quando ainda atendíamos pela insígnia de "crítica independente", e premiamos Juventude em Marcha e Serras da Desordem como nossos preferidos daquele evento. De lá para cá, a oficialização do nome desta congregação de companheiros de jornada, a adoção de Jairo Ferreira como símbolo de uma geração de novos pensadores de cinema no Brasil, e a bela cerimônia de entrega dos prêmios de melhores do ano realizada no Cinesesc paulistano em maio último.

Chegamos ao Rio com 15 críticos votantes, e depois de dois turnos, num triplo empate bastante emblemático da força da programação deste festival, elegemos como os MELHORES FILMES DO FESTIVAL DO RIO 2007:

Síndromes e um Século, de Apichatpong Weerasethakul
Paranoid Park, de Gus Van Sant
I’m Not There, de Todd Haynes

Todos estes filmes foram bastante comentados pelas três revistas participantes da votação, e aqui na Contracampo não só mereceram textos bastante encantados com o que vimos (sobre o filme de Haynes até tivemos duas críticas a respeito), como foram extensamente comentados no diário dos editores. E, de resto, são três filmes que representam de maneira expressiva aqueles outros que acabaram ficando de fora da premiação final, mas que não foram menos entusiasmadamente discutidos e reverberados por nós e pelos nossos parceiros cinéticos e paisàticos. Se para cada Síndromes existiu um Silenciosa Luz e um Império dos Sonhos, para cada Paranoid outro Floresta dos Lamentos ou Mulher na Praia, e ainda um Lady Chatterley e a dupla presença de Manoel de Oliveira para todo I’m Not There, nem assim, com meia dúzia de exemplos, conseguimos ignorar que existiu outra meia dúzia igualmente encantadora: Ferrara e Chabrol, De Volta à Normandia e O Sol, Tarantino e Rodriguez. E ainda muitos outros unânimes, e mais todas aquelas idiossincrasias de cada um de nós, os filmes que amamos sozinhos (mas nunca em segredo: escrevemos sobre eles também!).

Repletos de bom cinema e com uma reserva memorial que nos bastaria pelos próximos 6 meses, ainda assim não nos damos por satisfeitos. Em menos de duas semanas começa a 31ª Mostra de São Paulo, e no fim dela uma nova edição especial do Prêmio Jairo Ferreira, numa nova mesa de bar. E torcemos para que a programação paulistana torne nosso trabalho de votação tão deliciosamente complicado quanto a programação do Rio, de que agora nos despedimos.

Até São Paulo!
Rodrigo de Oliveira