31.1.06

Presente aos cariocas

No cantinho do folheto de programação do Odeon-BR deste mês de fevereiro, os cinéfilos cariocas recebem um tanto discretamente a melhor notícia em muito tempo: a partir de agora, um convênio entre o Grupo Estação e a Cinemateca Brasileira-SP permitirá que filmes do acervo desta sejam exibidos com constância num dos melhores cinemas do Rio. Já em fevereiro, é fácil ver a subida da qualidade (ou, mais importante: variedade) da programação do Odeon nesta sua nova fase de autêntica cinemateca de luxo, com uma mostra dedicada a Carlos Mossy (ator/diretor brasileiro diretamente ligado às pornochanchadas) e uma com filmes italianos que vão além daqueles mesmos que já estávamos acostumados a ver em toda mostra carioca. Resta ver por quanto tempo a programação será mantida assim, porque não se pode dizer que o público esteja sendo avassalador nesta nova fase do cinema - talvez porque ainda não tenham se dado conta das pérolas em mãos. Mas, ainda mais com o Grupo anunciando dez salas novas no Rio ainda este ano, dá para sonhar com um belo ano cinéfilo pela frente...
Eduardo Valente

30.1.06

Pirataria

Você que se espanta com a piratagem comendo solta por aí, leia esta. Voltei de uma viagem de dez dias às minhas raízes argelinas com meia dúzia de DVDs piratas "oficiais" na mala. Eu explico: Em Argel existe uma loja que vende DVDs piratas a preço de banana e com um selo na caixinha que "legaliza" a coisa. Ou seja, a galera xeroca a capa, acrescenta o logotipo da loja e mais um selinho vagabundo e vende a coisa como se fosse cópia autorizada. Até aí tudo bem.
Chego em casa ansioso pra assistir as jóias que tinha trazido desse país tão organizado: Era uma vez na América, Viva Zapata e outros clássicos desse quilate. Pois não é que a picaretice pode chegar a pontos nunca dantes imaginados? Os caras simplesmente acrescentaram à imagem o logotipo da loja! Quem quiser assistir à obra-prima de Sergio Leone tem que aturar um quadrado branco nada discreto no canto esquerdo da tela. O pior da história é que, para acrescentar o tal logo, eles têm que recomprimir a imagem, que acaba ficando com uma qualidade sofrível, simplesmente inassistível. Em outras palavras, na Argélia o pessoal não se contenta em piratear. Ele se apropria a obra e faz o que todo produtor de Hollywood sonha em fazer mas ainda não teve coragem: põe o nome na imagem, que é pra neguinho não copiar.
Malandragem é isso aí...
Carim Azeddine