2.7.05

A Tática do Rodízio de Faltas

Enfim, depois de bastante discussão, saiu a lista de filmes patrocinados pela Embr... perdão, pela Petrobras. É no mínimo curioso: num ano Diegues critica os critérios, não ganha nada e Barreto ganha; no outro, Barreto critica, não ganha nada e seus parceiros defensores do tal cinema industrial ganham. É a versão cinematográfica da tática do rodízio de faltas.

Ok, este comentário é um pouco impreciso (O Casamento de Romeu e Julieta é anterior às tais críticas de "dirigismo") e certamente a lista de filmes tem escolhas bem bacanas a se comemorar, tanto de estreantes quanto de realizadores há muito sumidos, e não são poucas. Mas este sabor "mais do mesmo", sempre presente nessas listas, não deixa a gente fugir da velha questão, já comentada num post abaixo: qual foi o retorno que deram os filmes anteriores de realizadores já outras vezes premiados pela Petrobras? Não apenas Diegues com, por exemplo, Deus é Brasileiro e Orfeu - e Sérgio Rezende com Guerra de Canudos? Daniel Filho com A Dona da História?

A intenção aqui não é de atacar estes realizadores ou estes filmes não - eles seguem as regras do jogo, elas é que precisam ser mudadas!
Porque senão temos um problema - como um filme pode se pressupor competitivo no mecado se ele não tem que apresentar retorno financeiro e consequente reinvestimento? Por que o pretenso sucesso dos nossos filmes ditos industriais nunca banca a feitura de novos sucessos? Somos todos a favor do cinema realmente competitivo: faria muito bem ao cinema brasileiro ver filmes gerarem novos filmes.
Nosso cinema industrial deve continuar dependendo da Petrobras e da Lei Rouanet?
Se for assim, não seria melhor colocar então os patrocínios a certos produtores como "escolhas diretas", como acontece com alguns festivais?
Daniel Caetano