26.8.03

Antes de produzir qualquer "canto elegíaco", a homenagem mais imediata que podemos fazer a Jairo Ferreira é lê-lo. Ninguém nunca escreveu sobre cinema como Jairo. Ele conseguiu desenvolver um estilo subjetivista surpreendente, tornou-se o quase-memorialista/crítico da sua geração, do momento que viveram e do cinema que produziram. Soube produzir um texto livre de academicismos, tremendamente pessoal - e, no entanto, sempre cheio de idéias, associações e desenvolvimentos, nunca acomodado.
Já que a gente não tem mecanismo de busca (o Ruy usa o Google), segue então uma breve coletânea de Jairo Ferreira disponível aqui na Contra. Não sei se há mais textos na web, se alguém souber mande o link aí.
- Na edição 25/26 há vários textos de Jairo. Há um belo comentário sobre sua relação com Ozualdo Candeias na pauta dedicada ao cineasta, e há também uma coletânea de ensaios antigos feita pelo compadre Juliano Tosi. Juliano também escreve um artigo sobre Jairo - e este publica também um texto rememorando sua atividade como crítico.
- Em seguida, Jairo escreveu colunas para a edição 27, para a edição 29 e para a edição 30.
- Escreveu também uma crítica ao filme Tônica Dominante, de Lina Chamie (ele gostou muito).
- E, ainda na edição 30, publicou aqui a versão completa de um texto chamado Cinemagik, que fizera para a mostra sobre o Cinema Marginal que aconteceu no CCBB.
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Mas o Ruy já bem lembrou que o trabalho escrito mais importante de Jairo Ferreira foi o livro Cinema de Invenção, recentemente republicado pela editora Limiar (dá pra comprar em várias livrarias, até mesmo pela internet). Um livro e tanto - uma mistura de declaração de princípios, análise e crônica de um certo tipo de cinema e de certos olhares sobre o cinema. Nem marginal nem udigrudi - o título deixa claro que o interesse de Jairo era Invenção.
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Não custa lembrar que o Itaú Cultural fez um trabalho de preservação de filmes em super-8 que envolveu os filmes do cineasta Jairo.
Cabe uma homenagem com filmes também, ou não? Com tantos cineclubes por aí, espera-se que alguém consiga fazer a justa homenagem.
(Daniel Caetano)