23.8.03

De Gramado 3
Atualizando a pauta - 1
Como havíamos indicado no próprio editorial da pauta principal deste mês, Gramado marca o início de sua desatualização, por isso cuidamos aqui de falar dos vários cineastas-estreantes sobre os quais ainda não tínhamos escrito (de Paulo Sacramento, Evaldo Mocarzel, Eliane Caffé, Alexandre Stockler e Betse de Paula já comentamos os filmes agora exibidos em Gramado). Começamos por dois cineastas que já estão listados por terem estreado antes, mas cujos filmes não havíamos visto ainda.
Noite de São João, de Sérgio Silva - Adaptando o Strindberg de Senhorita Júlia para o ambiente gaúcho do início do século, Silva infelizmente esbarra num miscasting grave que faz com que todo seu elenco feminino pareça completamente distante dos personagens que tentam interpretar - o que é muito grave quando notamos que elas são essenciais para a narrativa (a ver pelo título original). Além disso, o roteiro passa longe de conseguir dar a complexidade na qual a direção de Silva parece resvalar, e vemos um filme que se tenta sutil, sendo apenas desinteressante.
Concerto Campestre, de Henrique de Freitas Lima - Equivocado em tom do início ao fim, o filme tenta se redimir de uma quase sempre cômica obviedade com um final que coloque o filme no terreno do mítico, do surrealismo trágico-operístico (claro que referendado e explicado de forma inequívoca nas falas). Trata-se apenas do fecho absurdo de um filme sem maior interesse, que não merece elevar por si o trabalho nem ao patamar da estranheza-cult. Finalmente, falemos dos que estrearam de fato em Gramado, copiando nosso formato do verbete (explicando que o documentarista Bebeto Abrantes não está listado porque seu Recife/Sevilha não é de fato um longa, tendo 52 minutos).
(Eduardo Valente)