23.8.03

De Gramado
Destaque nacional
Dois veteranos fizeram os dois longas brasileiros que sairão de Gramado rumo a uma carreira mais duradoura (e não falo aqui em bilheteria e sim em "permanência"). Na competição, Hugo Carvana apresentou seu Apolônio Brasil, um filme que confirma toda a graça e vivacidade do humor do cineasta. Misturando referências claras à chanchada e ao musical clássico, Carvana fez um filme deliciosamente imperfeito, com alguns momentos antológicos e muita liberdade narrativa e tesão de filmar. Carvana consegue fazer um filme de um saudosismo que, ao mesmo tempo, não renega o mundo à sua volta - apenas reconhece já não ser mais o seu. Além dele, tivemos a primeira exibição pública de O Signo do Caos, de Rogério Sganzerla, filme que fecha o baú (literalmente, nos referindo à trama do filme que envolve um baú) da obsessão do cineasta pelo tema da passagem de Orson Welles pelo Brasil. Caótico (sem trocadilhos), desigual, ocasionalmente repetitivo, o filme é um ataque desbragado a um certo cinema "bonitinho", e quando acerta não é menos do que genial. Os dois filmes que, afinal, ficam de fato deste festival.
(Eduardo Valente)