13.5.04

Sobre a Semana ABC no MAM

A divulgação direcionada especificamente para os que lidam com fotografia, direção de arte e som (com anúncios em revistas especializadas no audiovisual, como a distribuída durante o evento) mostra que os profissionais do mercado são o público-alvo pretendido pela Semana ABC. No primeiro seminário, "O internegativo digital e a experiência brasileira", os objetivos de troca de informações e de apresentação das mais atuais técnicas e tecnologias, sob o ponto de vista do segmento visado, foram plenamente correspondidos.
Mas é preciso questionar se uma feira/exibição não seria mais adequada para a estratégia de marketing proposta, uma vez que o formato ciclo de palestras, com o qual o encontro se estrutura, pressupõe debates que fujam da simples demonstração virtuosística da técnica para inserir a cinematografia, bem como seus profissionais e suas novas tecnologias, no panorama da produção brasileira, sobretudo quanto ao possível papel do digital na diversificação e na democratização de nosso cinema.
É sintomático que Acquaria, Deus É Brasileiro e Didi, O Cupido Trapalhão tenham sido escolhidos para exemplificar a palestra em questão. A dúvida que fica no ar, não levantada pela mesa debatedora (Lauro Escorel, Affonso Beato, Cezar Moraes e Marcelo Cerqueira), é sobre qual é a utilidade do referido internegativo digital para os curtas-metragens, para o cinema universitário ou para os filmes de baixo orçamento, considerando-se que a "experiência brasileira", como se sabe, não está resumida às produções milionárias?
Paulo Ricardo de Almeida