29.4.04

A Noiva estava de amarelo

Outra coisa: Kill Bill. Essa discussão nos comentários aí embaixo sobre possíveis intenções que o Ruy viu no uso do P/B me intrigou um pouco. Beleza, a versão oriental é toda a cores, não tem P/B, portanto isso não diz nada... será? E por que na versão ocidental tem trechos em P/B? Será que alguém suspeita que faltou negativo a cores na filmagem (ou foi uma distração no laboratório)? Ou alguma intenção (num sentido amplo) dá pra desconfiar que tem nos trechos em P/B na versão ocidental?
Sim, claro, parece que o diretor disse em entrevistas algumas coisas sobre preferir a versão oriental. Fico curioso em saber se ele não falou o contrário no Japão, mas ele de fato afirmou isso. Então talvez a hipótese de terem errado de negativo no laboratório faça sentido... O tal piscar de olhos da Uma Thurman deve ser coincidência!

Enfim, há algo que me parece curioso nessas duas versões apresentadas, para além da óbvia contraposição que já se apresentava com a história da Miramax com Gangues de Nova York, com a liberdade dada ao Tarantino (uma vez dividido o filme em dois), ao contrário da montagem do filme do Scorsese. Enquanto Gangues de Nova York, que Scorsese planejava como um filme mais longo, ganhou uma versão definitiva que o diretor reconhece como única, sem interesse em refazer os cortes, Tarantino fez duas versões e reconhece ambas como o mesmo Kill Bill volume 1. Com algumas diferenças, o mesmo filme. Qual é a versão "certa", a definitiva do diretor? Olha, a diferença é essa, é a relação do diretor com o filme que fez, a diferença imensa entre Scorsese e Tarantino. Para Scorsese o filme foi aquele que estava pronto, o filme é um só, e basta. Para Tarantino, o mesmo filme Kill Bill volume 1 pode ter mais de uma versão definitiva, e é essa indefinição autorizada que é o truque.
Daniel Caetano