25.3.03

Não é uma boa fazer confusão: Michael Moore pode ser vaidoso, mas é um dos poucos americanos com coragem de admitir para si e para o mundo que está sendo governado por bandidos. Essa foi a grande diferença do seu pronunciamento (e do de Almodóvar) para os demais: ele não apenas disse que deseja a paz (como Bush também faz em seus discursos), ele acusou o governo americano de agir ilegalmente.
E há uma outra confusão: a principal acusação que se faz ao governo americano não é a de silenciar opositores internos, mas sim de atirar bombas num país desprotegido, arriscando a vida de civis, ao arrepio das decisões do organismo internacional responsável, a ONU. O problema não é a falta de oposição (esse problema existe no Iraque), mas a falta de respeito pela ONU. Adianta o que responder "E Michael Moore?" diante disso? No momento em que um governo ilegítimo bombardeia um país distante, reclamar da vaidade de Michael Moore beira o despropósito - ele estava errado?... De toda maneira, o silêncio de todas as outras figuras conhecidas me é bem mais incômodo.
Para seguir o debate, vale a pena ler a entrevista de Moore após a premiação.
(Daniel Caetano)