13.3.03

Sobre o filme como estrutura, e sua comparação com a obra original e o filme anterior sobre o mesmo livro, teremos em breve um texto nas Críticas da Contracampo. No entanto, o que há de mais interessante em O Americano Tranquilo é a dobradinha que faz com Gangues de Nova York. Ambos lançados pela mesma Miramax mega-poderosa em termos de Oscar (portanto, atualmente, mais mainstream não há), possuem os trinta minutos finais mais impressionantes nos cinemas atualmente (não por acaso penaram até serem lançados). Das Torres Gêmeas de Scorsese já tratamos e trataremos muito mais ainda no futuro, mas vale o registro: no final do filme de Philip Noyce, nosso protagonista resolve deixar o americano do título ser morto após este explanar suas ideias sobre o papel intervencionista americano, numa das cenas de diálogo mais sutis e absolutamente diretas ao mesmo tempo (e ele ainda fica com a mulher do cara morto). Em tempos de George W. Bush, fica reforçada a máxima de que a arte livre consegue arrumar meios de florescer até nas piores ditaduras.
(Eduardo Valente)