7.8.07

Velhas novidades...

Bem, o chato de voltar à conversa depois desse tempo todo parado é que tem aqueles assuntos que a gente não pode deixar de comentar, mesmo que quase todo mundo já saiba. Então, fica aqui o registro de uma lágrima pelo fim da Nomínimo. É bem triste que um site com uma proposta bacana e bons redatores tenha tanta dificuldade de obter patrocínio hoje em dia, mesmo que seja tão acessado e acessível como foi a Nomínimo. Pelo menos o amigo Ricardo Calil continua com o seu blog, assim como alguns outros do site.
Enfim, os tempos da imprensa são brabos: só têm solidez os velhos conglomerados, os esquemas chapa-branca e as publicações que servem sobretudo de publicidade - o resto vai se equilibrando na corda bamba ou simplesmente não tem remuneração, como é sabidamente o caso da turma aqui.

Por conta disso, se o sumiço da Nomínimo causa tristeza, é preciso saudar com esperança renovada o surgimento da Zé Pereira, comandada pelo Eduardo Zé José Souza Lima. Já está à venda nas bancas pelo simpaticíssimo preço de R$ 2,00, além de ter site e blog (com um post sobre o programa Documenta Brasil que merece atenção).
Novamente podem me acusar os leitores de parcial, já que até devo fazer umas participações por lá, mas é muito legal ver surgir uma iniciativa como essa, que pode reanimar o jornalismo cultural carioca, cada vez mais preso entre a preguiça e a pose. Da nova edição, aconselho sobretudo as matérias sobre a Rádio Saara e sobre o Garage - essa, especialmente, foi pra mim um verdadeiro aprendizado, já que nunca fui naquele lugar mítico.

Além disso, agora que estreou Em Busca da Vida, cabe aqui também passar o link pra entrevista fundamental que nosso bróder Felipe Bragança publicou na Cinética com o diretor do filme, Jia Zhang-ke.

E, pra finalizar, cabe passar o link pra Revista Paisà, com sua lista de vinte melhores filmes do cinema brasileiro feita a partir de uma enquete junto à redação. É smpre curioso ver a formação dos cãnones numa geração, e sobre isso o artigo do Cléber já fala bastante.
Mas vi que muito se falou sobre uma certa nostalgia, um certo passadismo dessas listas todas. Oras, é claro que o tempo permite que se dê relevância histórica a um punhado de filmes de uma maneira que os mais recentes não se beneficiam, e isso é muito natural. Mas não custaria fazer uma listagem alternativa dos grandes filmes brasileiros de anos recentes, nem que seja para comprovar que, no meio de muita coisa, alguns grandes filmes andam sendo produzidos por aqui.
E confesso que fiquei com vontade de fazer a minha listinha de vinte filmes - quem tiver uma melhor, que apresente a sua. Pensei apenas em filmes estreados entre o início de 1990, quando houve a chegada do Collor, e o final de 2006 - até porque seria mais complicado se eu incluísse o ano de 2007 numa lista pessoal.
Então, não necessariamente nessa ordem:
- Serras da Desordem
- O Signo do Caos
- O Fim e o Princípio
- Alma Corsária
- Madame Satã
- O Prisioneiro da Grade de Ferro
- O Invasor
- Lisbela e o Prisioneiro
- Santo Forte
- Brasília 18%
- O Vigilante
- Amélia
- Nelson Freire
- O Céu de Suely
- Edifício Master
- Tudo É Brasil
- Crime Delicado
- Amores
- Eu me lembro
- Coração Iluminado

Numa lista pessoal, insisto. Isso só com os longas. Porque vale citar também os curtas:
- O Palhaço Xupeta
- Ação e dispersão
- Juvenília
- Um Sol Alaranjado
- A Menina do Algodão
- Polêmica
- Meu Cumpadre Zé Ketti
- Vinil Verde
E ainda os médias:
- Onde a Coruja Dorme
- O Galante Rei da Boca
- Futebol 3
- Anchietanos
E a série Capitão Zum.

Devo ter esquecido um monte, mas, enfim...
Não acho esquisito que os filmes mais lembrados pela Paisà sejam mais antigos. Pensemos no caso do cinema norte-americano: numa lista de apenas vinte filmes, quem deixaria de fora filmes de Ford, Chaplin, Hawks, Welles e outros? A questão não se resume a vigor, mas basicamente à força que o tempo dá a cada obra. Em escala menor, isso se repete na cinematografia brasileira, apesar de tudo.
Daniel Caetano