28.3.07

Pérolas no MAM

Bem, é claro que o foco central da programação atualmente é o É Tudo Verdade, tanto no Rio quanto em São Paulo. Mas não é só isso que está rolando de bom. Por conta de várias correrias, fiquei devendo até agora aos prezados leitores uma nota sobre a programação desse mês da cinemateca do MAM, que teve as belas mostras Olhares Neo-Realistas e, em seguida, América Latina em Transe - as duas trouxeram ao público carioca a oportunidade de (re)ver vários filmes sensacionais, de Rosselini a Sanjinés, passando por Manoel de Oliveira e Nelson Pereira.
Mas, enfim, antes que o mês acabe, vale avisar que algumas as pérolas vão ser exibidas esses dias, porque tem coisa bem rara na praça, como se pode observar nos programas de quinta, sexta e sábado, dias 29, 30 e 31 de março - no domingo, dia 1º, o programa é dos bons (As Aventuras de Robin Hood, do Michael Curtiz com Errol Flynn, e Medéia, do Pasolini com a Maria Callas), mas não são filmes raros.
Em compensação, nos outros dias temos o seguinte: dia 29 a sessão Tela Brasilis exibe O Caçula do Barulho, de 1949, do Riccardo Freda, numa sessão em homenagem ao gênio Grande Otelo. A curiosidade em torno do filme fica maior quando notamos que a direção é do italiano Freda - que anos depois foi co-diretor, junto com Mario Bava, daquele que é considerado o primeiro filme de horror feito na Itália desde o início do cinema falado: I Vampiri, de 1956 (os leitores mais antigos talvez se lembrem do artigo do Thomaz Albornoz sobre o assunto, publicado na edição da Contra dedicada ao terror italiano). Não sei pra vocês, mas pra mim bastaria isso para tornar o filme objeto de grande curiosidade - e, ora bolas, ainda é com o Otelo!
No dia seguinte, sexta-feira, rola um filme do De Mille dos anos 30, Cleópatra. E no sábado o MAM vai exibir A Filha do Engano, um filme do Buñuel em sua fase mexicana (1951) bem raro de ser visto por essas bandas.
Os horários podem ser conferidos no site - que já publicou também a programação de abril, que mantém o nível com uma mostra dedicada a Brecht, outra ao cinema sueco e, de quebra, com exibições de A Herança, do Candeias, e de Boxe por Amor, do Buster Keaton, esse com direito a acompanhamento de piano ao vivo pelo Cadu. Bacana, bacana mesmo.
Daniel Caetano