7.8.06

Uma história triste I - O Arquivo Nacional

Chegou hoje na nossa caixa de correio um email com o título "O Cinema está fora do Arquivo Nacional". A carta é assinada pelos seis profissionais que vinham fazendo o trabalho de preservação de filmes no Arquivo Nacional (são eles: Débora Butruce, Fabiana Diaz, Fabricio Felice, Roberto Cersósimo, Silvia Franchini e Tatiana Carvalho) e ao longo do texto somos informados de que o Arquivo Nacional até hoje não incluiu entre seus planos de carreira a função de preservador. A consequência óbvia que se sucede agora é que os técnicos que escreveram a carta vão parar de trabalhar e a tarefa de catalogar e armazenar todo o acervo que foi do MAM para o Arquivo Nacional em 2002 vai ficar ainda mais atrasada (será que vai ser completamente interrompida?).
Mas talvez seja preciso entender não apenas a consequência mas também a causa. O que parece acontecer é que o Arquivo Nacional nunca foi projetado para armazenar filmes e, passado o momento de crise de 2002, quando o órgão pareceu ser a salvação da lavoura para a preservação do acervo do MAM, a direção do AN decidiu que não lhe cabe esta tarefa.
É estranho, e de todo modo isso pode vir a ser contornado nos próximos dias. Caso contrário, podemos supor que o acervo do Arquivo, ex-MAM, acabará sendo enviado à Cinemateca Brasileira - que, docemente constrangida, passará a armazenar quase todas as matrizes dos filmes feitos no Brasil.
(Nada contra a Cinemateca, mas é preciso lembrar que essa situação é potencialmente arriscada - qualquer desastre pode um dia levar tudo embora).
Daniel Caetano