14.10.03

Em premiações de festivais de cinema sempre surgem questões. O melhor filme também não é o melhor dirigido? A direção não é responsável, da primeira à última instância, por todos os planos de um filme? Por que diacho então, em todos os festivais do planeta, existem as duas categorias e, também quase sempre, o premiado em uma não coincide com a outra?
Resposta fácil: a divisão de um único prêmio em dois, melhor filme e melhor direção, é apenas um mecanismo para se distribuir estatuetas entre número maior de obras. Mas diante de alguns resultados a distribuição soa bizarra. Vejamos no caso da premiação da Première Brasil no Festival do Rio 2003. A Margem da Imagem, de Evaldo Mocarzel, ganhou como documentário. Narradores de Javé, de Eliane Café, ganhou como ficção. O prêmio de direção, porém, que era um só, independentemente do filme ser ficção ou documentário, foi para Fala Tu, de Guilherme Coelho, que, na categoria de obras documentais, perdeu para A Margem da Imagem. Então vejamos se entendi. A Margem da Imagem ganhou como melhor documentário, apesar da direção. E Fala Tu levou como melhor direção, apesar do documentário.
Só mesmo com bula que se pode entender esses critérios.
(Cléber Eduardo)