21.10.03

E viva a Ancinav!
Três coisas sobre Ancinav:
- O site Cultura e Mercado botou no ar quatro entrevistas sobre o tema (curtas e razoavelmente esclarecedoras), feitas pelo repórter Israel do Vale com Gilberto Gil, Juca Ferreira, Orlando Senna e Gustavo Dahl. O "razoavelmente" ali em cima se deve ao fato de que todos parecem concordar que o processo ainda depende de muita discussão, digamos assim.
- O que preocupa nessa ida da Ancinav pro MinC é que, ao contrário de muita gente boa, eu achava boa idéia separar os balcões entre cinema caro e cinema barato. Quer dizer, dá pra imaginar que essa separação de balcões podia trazer riscos para um lado ou para o outro, conforme pendesse cada governo - mas misturar tudo sempre foi pior (corre-se o risco de virar lei da selva, onde ganha o mais forte). E eu sigo bem receoso das consequências de termos o mesmo balcão (ou pelo menos balcões contíguos) pra quem quer fazer filmes de quatro milhões de reais, pra quem quer fazer filmes baratos e pra quem quer fazer curtas ou documentários. São projetos de portes bem diferentes e que precisam de apoios bem diferentes. Agora nos resta torcer pro pessoal da Ancinav e do MinC saber manter a sensibilidade específica pra cada caso...
- Um último comentário: a gente pode ter nossas críticas ao sonho de um cinema industrial que representa a Ancine. Mas é preciso reconhecer o valor da atitude de tornar públicos os filmes inscritos em seus concursos, deferidos e indeferidos. É uma atitude muito boa mesmo - e ainda dá à gente a chance de ver como tem projeto acontecendo por aí (não deixa de ser uma distração um tanto divertida ficar vendo todos aqueles nomes, como já comentou comigo um colega da revista). Pra fechar mantendo o alto nível do procedimento (melhorando, até), só se cada parecer sobre cada projeto também for posto à disposição, pra que sejam públicos e transparentes os critérios dos jurados - não teve um juiz que disse que a luz do sol é o melhor detergente?
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Só mais duas coisas, agora sobre a cerimônia de lançamento, lá no Planalto:
- Será que tinha filme a câmera empunhada pelo presidente Lula? Se sim, isso tem que ir logo pro laboratório! O que será que vai ser revelado?
- E talvez a ocasião não fosse conveniente, mas faltou uma coisa naquela cerimônia: já que o homenageado era Rogério Sganzerla, faltou o ministro Gil empunhar o violão e cantar a sua canção da trilha sonora de Copacabana Mon Amour - Hello Mister Sganzerlá!
Enfim, não se pode ter tudo...
(Daniel Caetano)