20.10.03

Mostra Internacional de São Paulo - I
Não adianta: uma coisa o Festival do Rio e a Mostra de SP realmente têm em comum. Suas equipes fazem um trabalho quase heróico de prospecção, nos trazem filmes importantíssimos que de outro modo não passariam aqui (que não tragam outros tantos e tragam filmes que não gostamos é mais do que normal e regra do jogo), organizam belas retorspectivas (como as que estão acontecendo em SP agora), e aí parece que jogam isso para escanteio por causa de algumas coisas deixadas de lado como "menos importantes", quando são o complemento que valoriza todo o trabalho acima descrito, o fazendo chegar da melhor maneira ao público. No Rio, como já dissemos, foi a legendagem eletrônica, acima de tudo, claramente feita às pressas e num jogo dos trinta erros. Se em SP as legendas têm estado perfeitas, o mesmo não se pode falar das salas de exibição. Em apenas dez sessões vistas no fim de semana, podemos relatar: no Cinearte 1, o som completamente estourado das caixas da tela impediam qualquer compreensão do que se falava no filme À Flor do Mar, de João César Monteiro, que era sem legenda eletrônica, só em inglês - só que metade do filme era falado em inglês, portanto inaudível. A qualidade sofrível do som do Cinearte é escondida pelas legendas há muito tempo... Na Sala UOL há um ar condicionado em som quase estéreo, imperceptível em filmes hollywoodianos ou barulhentos, mas muito mais alto do que os silêncios de João César Monteiro. Absurdo e desrespeitoso. No DirecTV 3, o público de domingo pôde ouvir a toda a obra que acontecia numa loja do prédio como se fosse dentro da sala - se estivesse infeliz com isso, podia aproveitar a inversão de rolos feita pelo projecionista no filme Silvestre. No DirecTV 2, a instalação de equipamento de projeção em vídeo (avisar os filmes que são em vídeo também seria legal) foi genial - exceto que o cara programou a tela pra widescreen (acho que feliz por ocupar um telão de cinema), sendo que a imensa maioria do que projeta-se não é neste formato, resultando nas famosas "caras de batata". E, finalmente, cereja no topo, o DirecTV 1 (que se não bastasse ter a absurda porta de entrada embaixo da tela, como na sala 3) está sem ar condicionado em plena Mostra (a manutenção precisava ser AGORA??), levando até mesmo à troca de sessões devido a justíssimos protestos de produtores de filmes presentes. Está uma sauna insuportável. Isso sem falar nos atrasos constantes no Arteplex. Ainda não fui no Unibanco 1 nem no CineSESC, ou nas outras salas da Mostra, mas já estou ficando com medo desde já... (sem falar na Cinemateca e CCSP, cujos problemas conhecemos de outros carnavais...)
(Eduardo Valente)