21.10.03

Mostra Internacional de São Paulo - II
Como fizemos no Rio, não custa dar aos amigos leitores algumas indicações importantes daqueles filmes dos quais estamos nos retirando no meio. Afinal, ninguém aqui vai ser leviano e escrever críticas deles, mas às vezes o leitor quer uma idéia que o ajude a escolher entre programar este ou aquele filme, e é mais honesto relatarmos isto do que ficar um silêncio na revista sobre estes filmes. O que, aliás, leva a uma outra questão: por que sair no meio de um filme? Porque ele é ruim? Não é bem o caso - O Festim do Louva Deus, por exemplo, é inacreditavelmente ruim, mas pode-se assisti-lo até o fim sem problemas, até por isso mesmo. O que é difícil de aguentar realmente, nesta época de 5 filmes por dia e muito esforço para vê-los, são os filmes medíocres. Os filmes a que ver ou não, não faz a menor a diferença, e que, em suma, só reiteram modelos, opções e idéias que o cinema (ou mesmo a TV) já repetem à exaustão. Nesta linha, dois filmes foram os responsáveis por esta saída de sala nestes primeiros 4 dias: o japonês Ser Feliz, de Kemmochi Satoki, que desde o título até sua dedicatória inicial pretensiosíssima ("Para o século XXI") já diz a que veio - filme "educativo" realizado sem nenhuma sutileza ou talento especial; e o alemão Aprendendo a Perder, de Marco Kreuzpaintner, cujo título é igualmente honesto com o sentimentalismo bobalhão que apregoa (tudo bem, falha nossa de esquecer que o cinema alemão - rarissíssimas exceções aí - morreu e não mandou notícias). Vale o destaque: no primeiro ouvia-se um razoável número de risos na platéia e na saída do segundo não faltaram lenços de papel assoados. Ou seja: não devem ser incompetentes no que desejam fazer. O que desejam fazer é que não nos interessa nem um pouco. Se interessa ao leitor, aí já é decisão dele.
(Eduardo Valente)