12.10.06

Lubitsch e a senadora soviética

Ao comentar uma fotomontagem que colocou o seu rosto sobre o corpo de uma modelo de uma revista masculina, Heloísa Helena se disse vítima do machismo da classe política e da imprensa. Como de hábito, a super-heroína da ética chorou. Acusou o PT de estar por trás da foto. Reclamou da pressão que recebe do partido para apoiar aquele "vagabundo do Lula". E contestou reportagem do jornal "O Globo" que informava que ela se achou "bonitinha" na foto. "Só se eu fosse uma mulher vagabunda, uma mãe vagabunda para olhar para uma montagem horrorosa como aquela, como se eu estivesse nua na capa da Playboy e eu me achar bonitinha", desabafou Helena.
A gente deve respeitar os sentimentos da senadora. Ela tem todo o direito de não gostar da fotomontagem. E não há dúvida de que sofrer pressão de uma quadrilha como o PT não deve ser fácil. Mas que saco esse discurso moralista!, que saco esse puritanismo, essa falta de jogo de cintura, essa falta de senso de humor! Que visão estreita, que preconceito (qual o problema de uma mãe posar para a Playboy?)!
Heloísa Helena parece a Ninotchka do Lubitsch - com o agravante de não se parecer nem um pouco com a Greta Garbo. E eu não quero uma Ninotchka como presidente da república.
Senadora, faça como a heroína de Lubitsch: largue esse udenismo de macacão e vá dançar em Paris, namore um charmoso Melvyn Douglas, tome um bom champagne, compre um vestido caro, olhe-se no espelho e se ache bonita, aproveite a vida, enfim: você é mulher e você merece...
Bolívar Torres