18.9.04

A Crítica de Algo

Lá vem ela aí de novo, a polêmica mais requentada do mundo do cinema brasileiro: nesta quinta, o cineasta (?) Jayme Monjardim respondeu em entrevista à Folha (disponível na internet somente para assinantes do jornal ou do provedor) às críticas que seu filme (Olga) tem recebido. Nesta entrevista ele afirma (de novo, porque no lançamento já afirmava) que o que importa para ele é o público e não a crítica. Até aí tudo bem - mas, como eu já discuti aqui nesta mesma revista, no final de um artigo, o que não dá pra entender é por que afinal, se ele não liga para as críticas, ele simplesmente não deixa de lê-las e fica feliz da vida com seus milhões de espectadores, sem precisar dar entrevista destilando todo esse ódio e frustração. O impulso do jornal/jornalista eu até entendo, porque o barato é vender jornal, e não importa muito o quão banal e repetitiva esta discussão seja. Mas continuo achando muito estranho que os cineastas que se prestam a este assunto continuem não percebendo o ato falho quase vergonhoso que é afirmar uma coisa e se comportar de outra maneira. Coerência, rapazes, coerência!! Ou então, se a crítica afinal das contas importa pra vocês, vamos discuti-la de forma um pouquinho mais adulta.
*************
Agora, que é hilário a forma como Monjardim se refere a Suzana Amaral, diretora de A Hora da Estrela, lá isso é. Santa ignorância, Batman!
*************
Da série "Essa Alguém vai ter que me Explicar!": "Meu envolvimento com política é tão pouco que prefiro não entrar no mérito dessa discussão. Mas, quando eu digo que o filme não é quase nada político, é entre aspas, porque eu nunca vi um filme tão político. É político pra caramba".
Ou o jornalista transcreveu comendo pedaços radicais desta frase, ou Monjardim é um frasista de mão cheia, verdadeiro Guimarães Rosa do nosso audiovisual. E fica a dúvida: será que ele anda lendo a edição atual da Contracampo? Onde, além de um texto em torno do tema, afirmamos no editorial deste mês que "...afinal não há filme mais obviamente político - mesmo que se imiscua como tal - que o recém-lançado Olga".
Eduardo Valente