7.9.04

Ainda sobre as digitais na tela

A Ancine promoverá no dia 15, no MIS de São Paulo, um seminário sobre exibição digital. Para, supostamente, "discutir" o uso e a implantação da tecnologia no país, haverá três palestrantes: Luiz Gonzaga Assis de Luca, José Augusto de Blasiis e Fábio Lima. Ora, o primeiro é diretor do Grupo Severiano Ribeiro; o segundo é diretor da Casablanca; e o terceiro é da Rain Network.
Um debate em que os três debatedores (por mais que não estejam em uma mesma sessão, mas um seguido do outro) são defensores do tema - promovido pela Agência Nacional do Cinema - parece, no mínimo, curioso: é mais uma mostra da unanimidade de que falei em uma nota há poucos dias. O tema é constantemente convertido em um discurso monocórdio por parte apenas dos mais interessados financeiramente na questão (por mais "nobre" que possa ser a intenção de baratear a exibição de "cinema de arte") e ganha apenas a dimensão de uma questão técnica, sem polêmica, sem discussão. O espectador menos informado recebe apenas um estranho relatório de que algo está sendo feito em seu favor: "Vão colocar alguma coisa digital no cinema e vai melhorar". "Se é digital, deve ser bom". Mas a comparação entre a imagem de um e a do outro não é feita.
Alexandre Werneck