18.9.02

- Elza Soares é coisa de cinema! Já se sabe, pelas notícias nos jornais, que sua vida com Mané Garrincha é tema de um filme que está sendo produzido, baseado no livro Estrela Solitária. Mesmo que a estrela do livro e do filme seja Garrincha (interpretado por André Gonçalves!), Elza vai acabar roubando a cena, como sempre. E os cariocas podem aproveitar a curta temporada de duas semanas no Teatro Rival para revê-la, no lançamento de seu mais recente e badaladíssimo disco, Do Cóccix ao Pescoço - Elza voltou à moda, o que não é surpresa. Agora, não precisa ter essa conversa toda de que "enfim ela fez um bom disco" - desde o início dos anos 60 que Elza faz grandes discos, ao contrário do que se pode afirmar com fins promocionais. Aliás, por melhor que seja o novo disco produzido e arranjado por José Miguel Wisnik (e é muito bom), para conhecer o som de Elza ainda é preciso conhecer seus discos dos anos 60 - onde se pode ver que a cantora já teve sim discos muito bem produzidos, assim como se pode ver que as influências de Elza vão muito além dos cantos afro-brasileiros - suas variações e seus scats são essencialmente influenciados pelo samba e pelo jazz modernos que se fazia nos anos 50, como é fácil notar na sua histórica e fabulosa versão do samba de Lupiscínio Se Acaso Você Chegasse. Para tirar a dúvida, leitor, trate de correr ao Teatro Rival - e ouça os discos! E vamos torcer para o filme não criar uma nova falsa imagem folclórica da grande cantora. (Daniel Caetano - 18/09/2002)