11.9.02

Eduardo Coutinho acertou em cheio ao criticar o novo modelo de premiação de filmes do Festival de Gramado: o isolamento do cinema documentário numa categoria própria e única é um grande e recorrente equívoco. Além de desprestigiar os técnicos que construíram o filme (documentário não tem fotógrafo, montador, roteirista?...), contribui para o emburrecimento do gênero e para a proliferação de uma maré de documentários cinematograficamente medíocres, amuletados numa suposta nobreza específica do fazer documental. A arte cinematográfica de Eduardo Coutinho não merece ser isolada num nicho seguro (alguns "documentaristas" meia-boca devem estar querendo mesmo essa casa segura...) e afastado do corpo amplo do Cinema Brasileiro. À obra de um CINEASTA como Eduardo Coutinho (e de outros grandes cineastas-documentaristas brasileiros) deve ser dado o desafio justo e merecido de se confrontar e dialogar com toda a nossa cinematografia. Esperemos que esse retrocesso cultural seja desfeito na próxima edição do Festival.(Felipe Bragança) 01/09/2002