17.4.06

+ Nelson - e um pouco de Laerte

Com Brasília 18% estreando na sexta-feira, a Folha publicou uma entrevista concedida pelo Nelson à Silvana Arantes.
(O curioso é que, apesar do acesso à versão publicada ser restrito aos assinantes, a versão on-line é maior, pelo óbvio motivo de não ter restrição de espaço).

Bacana a entrevista. Mas no final o Nelson comenta que, nos dias de hoje, "o artista está preso" porque "os recursos são escassos". Pode ser, mas acho que isso não é coisa recente.
E, com relação a isso, valia dar uma olhada na tirinha do Laerte. (Parêntese: publicando Laerte e Angeli há cerca de vinte anos, não há Bill Watterson que tire da Folha o posto de jornal com os melhores quadrinhos diários). Há umas três semanas, o Laerte conseguiu estraçalhar a dialética, essa mesma por que se bateram alguns filósofos por anos a fio, com três simples desenhos de rolos de papel higiênico. Hoje ele desmistificou o papel do artista, esse artista a que o Nelson se referiu.

Já que não dá pra ver on-line (nem mesmo assinantes), vale a descrição da tira.
No primeiro quadrinho, um professor comenta com seu novo aluno de piano: "Toca bem, jovem... Como disse que se chama?". E o aluno, sentado ao piano: "Ludwig van Beethoven, sr. Mozart".
Segue o professor, ao longo dos outros três quadrinhos: "Mas vou lhe dizer uma coisa: música é uma profissão de merda. O tempo todo é puxar saco de conde, duque, príncipe, em troca de macarrão com salsicha... Eu? Caio fora assim que der. Se tudo der certo, vendo um Réquiem e me arrumo no comércio!... América! Vou encher a burra vendendo escravo... Isso sim!". Ele diz isso no quarto e último quadrinho olhando para fora pela janela gradeada, como se estivesse numa prisão.

ATUALIZAÇÃO: a tirinha está disponível na web sim.
Daniel Caetano