12.11.04

Deu na Folha

Faz-se mais que necessário o reconhecimento público: desde que incorporou a seu "staff" cotidiano os textos sobre cinema de Cláudio Szynkier e Paulo Santos Lima, a Folha de São Paulo (com a manutenção de Inácio Araújo, Pedro Butcher, Tiago Matta Machado e a eventual participação de Cásso Starling) tem, com certeza, a melhor cobertura crítica de cinema dos grandes jornais brasileiros. Passou inclusive o Estado de São Paulo, que continua dedicando bastante espaço a isso, mas, com todas as análises concentradas em Merten e Zanin, perde na pluralidade de estilos e opiniões que hoje a Folha tem. Onde mais se pode pegar, como hoje, o caderno cultural de um jornal e ver textos interessantes sobre Má Educação (Inácio), dois Rohmer em estréia (Szynkier), Ouro Carmim (Starling) e Gosto de Sangue (Santos Lima)? Respondo: em lugar nenhum. Parabéns à Ilustrada, portanto, que há poucos anos parecia em vias de extinção e ressurgiu, pelo menos na área de cinema.

E a Folha ainda tem o requinte de ter duas análises por filme, separadas: críticas, na Ilustrada (como o nome pede), e indicação de programa de fim de semana, no seu Guia da Folha. Isso significa acreditar que não se deve voltar as costas aos ditames do mercado - porém sem se render de todo a ele, como se quem edita não fosse também quem dita o mercado. Pobre do leitor carioca, que só tem dicas de fim de semana e olhe lá.
Eduardo Valente