28.9.06

Visconti em GREVE!

URGENTE, URGENTE: quem estiver pensando em ir ver Luchino Visconti na Caixa Cultural vai se deparar com um piquete da greve dos bancários. Foi minha triste descoberta quando ia ver O Inocente nesta quinta às 13hs. É bom ligar antes para não dar com a cara na porta.
Ruy Gardnier

Educação, educação, educação

Escondido aqui em Rio das Ostras enquanto a redação acompanha em peso o Festival do Rio, aproveito o ensejo para um off-topic básico: assim como blogs mais famosos já fizeram por aí, este escriba anuncia o voto em Cristovam Buarque nas eleições de domingo.
Talvez não seja o programa de TV mais atraente visualmente, mas é provavelmente o mais honesto e é certamente o menos medíocre. Entre vários candidatos que se dizem "do povo", alguns falando em gerência (tem conversa mais medíocre?), outros em "enfrentar os credores", Cristovam se destaca muito aos meus olhos. Aos meus e de mais 2% dos votantes, segundo as pesquisas. Bem, paciência: se 98% dos votantes preferem políticos corruptos e/ou medíocres, azar do Brasil. Mas eu prefiro votar no que eu acho o melhor - teimosia, né?
(Mas aviso logo que a redação se divide no assunto - como, aliás, em quase tudo. O Ruy vota na reeleição)

Até que o assunto não é tão off-topic: afinal, pra quem não está no Rio de Janeiro ou quer fugir um pouco do Festival, o programa audiovisual da noite é o debate na Globo entre candidatos, com a possível presença (ainda incerta) de El-Rei Lula - ou de sua cadeira vazia.
É sempre bom lembrar que uma cadeira vazia está cheia de ar...
Daniel Caetano

25.9.06

Os filmes do Festival que estréiam em seguida

O site do Globo on-line publicou uma lista com mais de quarenta filmes presentes no Festival do Rio que já têm suas datas de estréia agendadas. É uma dica preciosa aos cariocas para estes dias de festival, em que um dos critérios de escolha dos filmes a serem vistos pode ser justamente o de não terem estréia garantida no circuito.
Daniel Caetano

19.9.06

Jece Valadão

Começa hoje no CCBB do Rio uma mostra produzida pelo pessoal daqui da Associação Contracampo em homenagem ao Jece, figura lendária - ator, produtor, diretor, roteirista, personagem... "Só é cafajeste quem tem bom gosto".
A programação exibe trinta dos mais de cem filmes de que Jece participou, com curadoria do ex-contracampista e cinético eventual Fernando Veríssimo.
Daniel Caetano

Top 30 - Apostas para o Festival do Rio 2006

Mais uma vez, colocamos aqui os filmes pelos quais mais esperamos no Festival. É claro que há diferenças de gosto individual no seio da redação (o Daniel, titular dessa seção, colocaria o filme do Subiela) e há aqueles filmes de diretores importantes que tiveram reações mais negativas do que positivas nas cabines de imprensa do Festival (caso de Kaurismaki e Ripstein).

É claro que nem precisa dizer que os maiores destaques são os filmes do Luchino Visconti, principalmente aqueles que não têm cópia em película no Brasil (como Vagas Estrelas da Ursa, Os Deuses Malditos, Violência e Paixão, O Inocente e Sedução da Carne), além, naturalmente, dos filmes a descobrir de Alejandro Jodorowsky e a seleção de filmes mexicanos de ficção científica dos anos 60, uma produção que curiosamente era exibida no Brasil àquela época.

Vale também dizer que a Première Brasil inteira tem um destaque todo especial, com nomes importantes (Kiko Goifman, Jorge Duran, Cao Guimarães, Ricardo Elias) e curtas-metragens que vêm sendo selecionados para a maior parte dos festivais nacionais. E, claro, tem o excelente Eu Me Lembro de Edgard Navarro sendo exibido hors-concours, que estaria na lista caso já não tivesse sido visto pela redação numa pré-estréia em Ipanema.

Vamos então aos 30. Os filmes que estão com distribuidora nacional levarão um *.

Altíssima expectativa:
Juventude em Marcha de Pedro Costa
Bamako de Abderrahmane Sissako
A Terra Abandonada de Vimukhti Jayasundara
Os Anjos Exterminadores de Jean-Claude Brisseau
O Céu de Suely* de Karim Aïnouz
The Host de Bong Joon-ho
Um Casal Perfeito de Nobuhiro Suwa
Dália Negra* de Brian De Palma
Volver* de Pedro Almodóvar
Os Infiltrados* de Martin Scorsese
O Crocodilo* de Nanni Moretti
Antonia* de Tata Amaral

Forte expectativa
12:08 Leste de Bucareste de Corneliu Porumbaiu
Como Festejei o Fim do Mundo de Catalin Mitulescu
El laberinto del fauno* de Guillermo del Toro
Mundo Novo* de Emmanuelle Crialese
A Comédia do Poder* de Claude Chabrol
O Pequeno Tenente* de Xavier Beauvois
A Traição de Philippe Faucon
Find Me Guilty de Sidney Lumet
A Scanner Darkly* de Richard Linklater
A Última Noite* de Robert Altman
Fora do Jogo de Jafar Panahi

Grande curiosidade
Flandres* de Bruno Dumont
A Rainha de Stephen Frears
Paris, Eu Te Amo*, de Nobuhiro Suwa, Olivier Assayas, Gus Van Sant, Gurinder Chadha, Gérard Depardieu, Frédéric Auburtin, Sylvian Chomet, Vincenzo Natali, Richard Lagravenese, Tom Tykwer, Isabel Coixet, Christopher Doyle, Alexander Payne, Walter Salles e Daniela Thomas, Alfonso Cuarón, Bruno Podalydès, Oliver Schmitz, Wes Craven, Joel e Ethan Coen
A Estrela Que Não É de Gianni Amelio
A Promessa* de Chen Kaige
Sonhos Com Shangai* de Wang Xiaoshuai
Zidane - Um Retrato do Século XXI, de Douglas Gordon e Philippe Parreno
Ruy Gardnier

15.9.06

Chat Contracampo no domingo, 16/09, às 21h30

Já está virando uma tradição. Pela terceira vez, a Contracampo faz uma sessão bate-papo de prévia do Festival do Rio, comentando as mostras, as apostas, os filmes imperdíveis, as ausências inaceitáveis, enfim, tudo que faz essa expectativa pré-festival. Além disso, comentaremos também a atual edição (dedicada a Shohei Imamura e a Nam June Paik) e os filmes lançados comercialmente nos últimos meses.

Para entrar, é só fazer o seguinte:
1) acessar o endereço http://webchat.brasnet.org
2) escolher um "nome de exibição" não muito óbvio (ou seja, nada de "daniela" ou "marcelo" ou "spielberg") e clicar "ok".
3) Em seguida uma janela (em java) vai se abrir com uma série de informações. É só ignorar, clicar na área horizontal branca na parte inferior da janela e teclar "/j contracampo".

E pronto!
Nos vemos lá!
Qualquer problema, é só gritar nos comments...
Ruy Gardnier

12.9.06

Uma sessão histórica no Odeon - sábado de manhã!

O pessoal do Cineclube Tela Brasilis avisa que haverá uma aula especial para encerrar o curso de história do cinema brasileiro, ministrado pelo Hernani Heffner desde o ano passado em todas as manhãs de sábado no cinema Odeon (com um baita sucesso, vale registrar). A aula de encerramento acontecerá nesse sábado, dia 16/09, às oito e meia da manhã, e vai apresentar dois filmes.
O primeiro deles é um grande documentário: O Galante Rei da Boca, do Alessandro Gamo e do contracampista Luís Alberto Rocha Melo (o Morris);
mas é o segundo filme que torna essa sessão histórica (ainda que esteja incompleto): trata-se de Barro Humano (ou os fragmentos que restaram dele), o mítico primeiro longa-metragem de Adhemar Gonzaga, o criador da revista Cinearte e da empresa Cinédia, o produtor de filmes do Humberto Mauro. Barro Humano ficou conhecido com um filme que obteve sucesso e provocou polêmica em sua época - e era dado como perdido há vários anos (e eu não tenho noção de como estarão os "fragmentos" que serão exibidos).
Mais detalhes podem ser conferidos com o Hernani, no sábado de manhã, para quem puder ir.
Eu me dei mal, vai ser na mesma hora em que tenho compromisso profissional noutra cidade. Vou ter que torcer pra passar de novo.

Outro aviso que o pessoal da Tela Brasilis manda é que haverá em breve um outro curso no MAM, no mesmo horário (confesso que não entendo essa obsessão por sábado de manhã): o ciclo de aulas História do Documentário Brasileiro. Começa no dia 14/10 com uma aula dada pelo Hernani e as aulas seguintes terão como professores Silvio Da-Rin, Fabian Nuñez, Eduardo Morettin, Arthur Autran, Carlos Alberto Mattos, João Luiz Vieira, Mariana Baltar e, na aula de encerramento, João Moreira Salles.
As inscrições para este curso serão feitas no Odeon neste sábado, 16/09, ao longo da aula do Hernani. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail do Tela Brasilis.
Daniel Caetano

10.9.06

Boom!

O Valentoni reclamou na Cinética que a sessão de A Dama Na Água a que ele assistiu no Arteplex de São Paulo estava com a janela de projeção errada, fazendo com que o microfone aparecesse em várias cenas, e devo notar que a mesma coisa aconteceu aqui no Rio, quando fui ver o mesmo filme no cinema São Luiz, no Largo do Machado. Portanto, vale a pena deixar o aviso aos incautos: cuidado com o São Luiz e o Arteplex de São Paulo!
(aí acontece aquela coisa de sempre: aparece o microfone no alto da tela e boa parte do pessoal da platéia fica achando que é erro do filme - e não é, é problema de projeção)
Daniel Caetano

Renovada

Bem legal a idéia da matéria da capa de hoje do segundo caderno do Globo, registrando partes de uma conversa entre onze jovens cineastas organizada pelo próprio jornal. São onze pessoas legais, com algumas idéias novas e vontade de fazer - quer dizer, se a matéria tem um problema, ele não está na seleção do grupo (inclusive porque, como o próprio texto já avisa e o grupo lembra, vários outros poderiam fazer parte do papo), mas no curto espaço que é dado a ela. Ficou faltando publicar realmente a conversa, e não pequenos depoimentos - mesmo que não fosse integral, que fosse algo maior. Afinal, é edição de domingo.
Fica parecendo que não importa tanto se o assunto é bom - o fato de não ter concorrentes no Rio faz com que o Globo possa publicar no domingo um caderno de cultura do tamanho do de segunda-feira.
Ainda assim, a matéria assinada pelo Rodrigo Fonseca tem o mérito de divulgar o trabalho dessa turma, e, não é nada, não é nada, isso já é bem legal.
Daniel Caetano

6.9.06

Trailer no YouTube

Nossa seção de Trailers na Web segue sendo atualizada pelo Renato Doho (atualmente com, entre outros filmes, Black Dahlia do De Palma e The Departed do Scorsese), mas há um novo trailer cujo link segue nessa notinha aqui mesmo. É que José Eduardo Belmonte deixou um recado no comentário da nota aí embaixo, avisando-nos que o avant-trailer do seu novo filme, O Mundo em Perigo, já está disponível no YouTube, o site-sensação do momento. Belmonte mandou bem - isso já deve estar se tornando comum mundo afora, e pode se tornar um ótimo meio pra que sejam divulgados os filmes com lançamento comercial mais limitado.
(isso me interessa um bocado porque tenho programado com os camaradas que vamos preparar um trailer para divulgar, nesse esquema, o filme que a gente está fazendo há uma pá de tempo...)
Daniel Caetano

2.9.06

Laura Mulvey em Niterói

O pessoal de Cinema&Vídeo e o de pós-graduação em Comunicação da UFF mandam avisar que a inglesa Laura Mulvey está no Brasil e irá dar duas palestras em Niterói. A primeira (que ela já apresentou na semana passada no Cinusp, em São Paulo) se chama Melodrama: Visões e Revisões, e é descrita da seguinte forma: "A partir de uma análise da seqüência de abertura de Imitação da vida (Imitation of Life, de Douglas Sirk, 1959), uma conversa sobre a importância e permanência do melodrama na cultura contemporânea".
A segunda palestra tem o título Jovens modernas dos anos 20: Clara Bow, melindrosa e garota do it e vai tratar de "estrelismo, voyeurismo, prazer visual, cinema narrativo e os regimes de espectatorialidade lançados pelo cinema".

A oportunidade é da pesada: para além do clichê de "teórica feminista", Ms. Mulvey sempre foi conhecida por apresentar idéias realmente desconcertantes nas análises de filmes clássicos de Hollywood, como no célebre artigo "Prazer visual e cinema narrativo" (publicado no Brasil na coletânea A Experiência do Cinema, organizada pelo Ismail Xavier). Nosso querido editor LC Junior já manifestou curiosidade em saber se para Mulvey "o falocentrismo ainda coordena a pulsão escópica em Hollywood"...
Bem, eu dei uma googlezada por aqui e achei um artigo e uma boa entrevista com Laura Mulvey publicados em português (numa revista de estudos feministas, é claro). Encontrei um pedaço da entrevista que, se não chega a responder ao Jr., pelo menos já dá uma pista. Cito as palavras da Ms. Mulvey:

"Quando escrevi o meu artigo, eu estava realmente pensando no sistema de estúdio hollywoodiano. Eu realmente não estava tentando analisar todo o cinema e dizer que esse é um aspecto essencial do cinema, embora o artigo tenha sido interpretado como dizendo isso (...). Mesmo o cinema holywoodiano era menos monolítico do que eu talvez tenha mostrado, por isso acho que os aspectos retóricos e polêmicos do artigo têm que ser enfatizados. A questão era abrir um debate, a questão não era ser justo. (...)
O cinema que nós estávamos reivindicando nos anos 70 - não apenas eu, mas as teóricas feministas em geral - era um tipo de cinema iconoclástico, no qual a questão da representação da mulher, senão impossível, era questionada, ou seja, a necessidade de voltar ao grau zero e de desfamiliarizar a forma pela qual as mulheres eram vistas. Então, em um certo sentido, eu estou perplexa com o fato de que, vindo da outra ponta do espectro, o cinema que vem da República Islâmica do Irã também está questionando a representação das mulheres e colocando em crise a questão da representação das mulheres, do ponto de vista do mulá e não do ponto de vista das feministas. Mas eu penso que o interessante no caso do Irã é que o cinema, e sua estética, conquistou lá um lugar tão duradouro na sociedade que o tabu em torno da representação das mulheres fez de fato com que as pessoas questionassem de que maneira as mulheres podem ser representadas
".

Já eu, que ao contrário do resto da redação não me encantei com Miami Vice (me pareceu ser mais um filmezinho banal e sem sal do Michael Mann), quando soube da vinda da Laura Mulvey fiquei rindo um bocado comigo mesmo, imaginando o que ela teria a nos dizer sobre os papéis da mulher nesse blockbuster metido a pós-moderno. Bem, pelo menos assim o filme acabou me interessando um pouquinho.

Enfim, informações básicas: as referidas palestras vão acontecer no auditório do PpgCom-UFF, na Rua Tiradentes 148, Ingá, Niterói. A primeira ocorre na segunda-feira, 04/09, às 14h30, e a segunda acontece na terça-feira, 05/09, também às 14h30.
PS: A Folha publicou hoje uma outra entrevista com Mulvey (só para assinantes).
Daniel Caetano