29.7.06

E eis que...

...após um festival de Cannes morno e - em geral - sem grandes revelações, surge Veneza. Normalmente considerado o segundo grande festival mundial, tanto em termos de pompa quanto de qualidade cinematográfica, esse ano os curadores resolveram fazer com que qualquer admirador do cinema tenha vontade de gastar suas poupanças, comprar uma passagem para a cidade italiana e passar duas semanas desprezando as gôndolas em nome da quantidade enorme de filmes novos dirigidos por realizadores essenciais.
Só na competição oficial, destacam-se nomes como Brian de Palma (e seu ultra-esperado The Black Dhalia), Alan Resnais, a dupla Straub e Huillet, Johnnie To, Tsai Ming-Liang, Paul Verhoeven e o tailandês de nome impronunciável e cinema inclassificável Apichatpong Weerasethakul. É torcer para que o Leão de Ouro não fique com Stephen Frears, Darren Aronofsky ou mesmo Emilio Estevez!
Fora de competição, temos ainda filmes inéditos de Kiyoshi Kurosawa, Manoel de Oliveira e David Lynch. E na mostra Orizzonti o filme novo de Shinji Aoyama, além de documentários inéditos de Spike Lee (sobre o furacão Katrina) e Jia Zhang-Ke. Ufa...
Mas não é que, além de tudo isso, Suely, o novo e esperado filme de Karim Ainouz - um dos mais competentes e promissores realizadores brasileiros atualmente - estará marcando a presença brasileira, nesta mesma mostra Orizzonti? E para coroar o festival com nossas cores, retrospectiva de Joaquim Pedro de Andrade, o diretor de um dos filmes (Guerra Conjugal) que fizeram com que nosso editor Ruy Gardnier se apaixonasse pela sétima arte. Digamos que, se não fosse por esse cineasta, possivelmente a Contracampo nem existiria...
Agora - que comprar passagem para a cidade italiana não é para qualquer um - é torcer para que estes filmes cheguem ao Festival do Rio, ou, pelo menos, à Mostra de São Paulo (porque mudar de cidade, convenhamos, não é como mudar de país...) E não é por nada não, mas parece que não é só no futebol que a Itália anda ganhando a briga com os franceses... mas o espetáculo, nesse caso, felizmente é de alto nível.
Leonardo Levis

26.7.06

Para registro - 2

Aconteceu na tarde/noite de segunda-feira um seminário organizado pela Secretaria Nacional de Cultura do PT, na sede do Tá Na Rua, na Lapa, aqui no Rio. Havia a presença, tanto na mesa quanto na platéia, de diretores da Ancine (Nilson Rodrigues, Manoel Rangel - e Gustavo Dahl na platéia), um deputado (Luiz Sérgio), o secretário do audiovisual Orlando Senna, o presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica Paulo Thiago, entre outros... e, claro, Luiz Carlos Barreto.
Rolou uma quase-polêmica na primeira mesa sobre a velhíssima questão entre escolher estreantes ou velha guarda nos concursos de fomento - quando Paulo Thiago defendeu algo que ele definiu como "direitos históricos adquiridos". Para maiores detalhes, o Globo publicou hoje uma reportagem do Bruno Porto sobre o assunto.
Olha, nem discordo de que os balcões para estreantes e para velha guarda devem ser diferentes não - eu e outros já escrevemos isso aqui na Contra. Mas, assim, sendo bem franco, é meio bizarro que seja justo o Paulo Thiago a fazer uma defesa dessas. Primeiro porque não se trata de um cineasta que venha sendo preterido nos editais, de forma alguma (fez quatro filmes na última década, todos com orçamento considerável e patrocínio das empresas de sempre com os mecanismos de incentivo); segundo porque tampouco se trata de um cineasta de grande público ou de prestígio - apesar de ter assinado doze longas, entre eles uma das produções mais caras da história do país (A Batalha dos Guararapes). Curiosamente, é esse o cineasta que representa o sindicato da "indústria cinematográfica" do Brasil - e é quem fala em "direitos históricos adquiridos".
Numa boa, eu sei que é chato e equivocado personalizar a questão, mas as pessoas às vezes precisam ter uma perspectiva mais crítica daquilo que defendem.

Mas nem era isso que eu queria deixar registrado (inclusive porque a matéria do Globo já deixou tudo implícito), mas sim algumas frases da noite. Sobretudo as de Barreto.
Olha, é muito sintomático que o Partido dos Trabalhadores tenha chamado o Barreto para participar dessa mesa, representando... bem, representando o Barreto. "Costumam me chamar de Barretão, mas o verdadeiro Barretão é a Lucy". Em determinado momento o Rodrigo Guerón, cineasta, tomou a palavra e, antes de fazer a pergunta, comentou que a presença do Barreto impressiona (nas palavras do Rodrigo, "intimida") - e eu concordo, o cara tem carisma. Eu já entrevistei o Barreto uma vez e já escrevi um artigo sobre ele, e isso é algo que realmente chama a atenção. E não é que, após uma avaliação histórica bastante interessante, o homem resolve dizer, ali no palco, que não quer ser um eterno beneficiário do apoio do Estado? Falou sim! Disse: "Eu não quero ser o beneficiário do dinheiro público, depender eternamente do patrocínio das leis de incentivo". Eu JURO que ele disse isso (e há várias outras testemunhas). Quando perguntado, ele mais uma vez evitou responder por que motivo há muitos filmes caros que não dão bilheteria. Mas, enfim...
Vamos ver o que vem aí em Nossa Senhora do Caravaggio, o filme mais recente de seu filho Fábio Barreto, né? Já foi exibido em Gramado no ano passado (segundo o diretor, não era a versão definitiva), mas ainda não estreou. Será que tem chance de ajudar a empresa do Barreto a não precisar mais ser "eterna beneficiária das leis"?

Outra coisa a se registrar: Manoel Rangel, ao ser questionado sobre quando os filmes brasileiros feitos com leis de incentivos serão exibidos na rede pública de televisão, respondeu que pode ser "a qualquer momento", porque a lei permite que isso seja feito.
Como as questões eram feitas por escrito, não dava pra contrapor, mas é preciso que se lembre aqui: se permite, que seja feito, oras. A Programadora Brasil, iniciativa do CTAv, é um bom começo, mas é preciso ter filme brasileiro na TVE, na Cultura e em todas as emissoras públicas em todos os dias (e sobretudo noites) de cada semana.

O seminário foi revelador porque todos os debatedores falavam sobre anos recentes e a situação atual, com críticas ou defesas dos editais e das leis de incentivo. Com relação à pretensão de estar "Construindo o futuro", como dizia o nome de uma mesa de debate, o seminário foi falho, apesar da boa vontade nas avaliações dos presentes. Nada se falou sobre ações futuras, além de um tradicional otimismo vago.
Se é pra sugerir os próximos passos, vale então lembrar (mais uma vez...) esse ponto que passou quase esquecido por lá - é preciso exibir os filmes brasileiros na rede pública de TV. Se isso não está na agenda como item urgente, sugiro que seja incluído de imediato.
Daniel Caetano

24.7.06

Cinédia, Lang e Cachaça!

Quatro filmes antigos são o destaque total essa semana no Odeon. São eles: Tererê Não Resolve (1938), do Luiz de Barros, e Romance Proibido (1944), do Adhemar Gonzaga, ambos produzidos pela Cinédia; e Corações em Luta (1921) e Depois da Tempestade (1920), ambos dirigidos pelo Fritz Lang. Tremenda boa notícia ver esses filmes sendo exibidos - sobretudo os dois da Cinédia, cuja recuperação se deve muito à teimosia da dona Alice Gonzaga, filha do dr. Adhemar.
Além disso, quarta-feira tem Cachaça Cinema Clube! E essa semana a programação é dedicada a filmes eróticos. Vai bombar...
Daniel Caetano

Para registro

Presente a um debate da mostra Raízes do Século XXI que rolou na semana passada na Caixa Cultural, Walter Salles condenou a polêmica midiática que ocorreu há dois anos por conta da criação da Ancinav e, para exemplificar, contou ter sido procurado por um jornal e uma revista semanal, no auge da crise, para dar sua opinião - que, segundo ele, era favorável à criação do órgão, ainda que criticasse a redação de alguns artigos. Esta opinião, no entanto, não foi publicada - segundo ele, justamente porque não havia interesse em apontar aos leitores o outro lado da questão.

Bem, aí fiquei curioso e tomei a liberdade de lhe perguntar quais foram os veículos que, depois de procurá-lo (na época do lançamento de Diários de Motocicleta), não quiseram publicar a sua opinião. Terminei a pergunta comentando que, pelas matérias publicadas na ocasião, eu desconfiava que os veículos a que ele se referia eram o jornal O Globo e a revista Veja - acho que quem leu as matérias daquela época concordará com a minha intuição.
Walter Salles fez uma referência irônica ao Materazzi ("Não sei o que é terrorista, eu sou ignorante") e disse que não era o caso de dizer os nomes para apontar dois ou três veículos como "os culpados", uma vez que, de um modo geral, toda a mídia tratou o assunto de forma equivocada (mas, note-se, não contestou os nomes lembrados).
Daniel Caetano

19.7.06

Anima Mundi

Nosso amigo contracampista PR de Almeida avisa que, enquanto o Anima Mundi segue rolando em vários cinemas do Rio (CCBB, Odeon, Correios, Estação, França-Brasil), os leitores podem acompanhar a cobertura que ele vem publicando dia a dia no Los Olvidados, blog dele - e já prometeu também que logo logo a gente vai ter uma crônica do festival aqui do lado.
Não tenho acompanhado o Anima Mundi esse ano (não sei se compensa, mas tenho assistido a uns DVDs com os filmes do Tex Avery na MGM). De todo jeito, esse ano tem um destaque forte que pretendo conferir nesse fim de semana: é o longa Wood & Stock, do Otto Guerra, inspirado nos quadrinhos do Angeli (que, venhamos e convenhamos, já é um mito).
Daniel Caetano

16.7.06

+Mais

Vale a pena dar uma olhada no caderno Mais! da Folha de hoje (só para assinantes, infelizmente). Tem uma entrevista do Umberto Eco sobre os 25 anos de publicação de O Nome da Rosa, tem também um artigo da Beatriz Sarlo sobre Borges e um outro artigo do Silviano Santiago sobre uma coletânea de textos do Gerard Lébrun. E, na sua coluna semanal, o Jorge Coli está enchendo a bola do filme Casanova, do Lasse Hallström, recém-lançado em DVD.
Daniel Caetano

Mal-estar nos finais felizes

Bem, talvez o destino da Bia Falcão já seja assunto velho uma semana após o final de Belíssima - e eu nem posso dar opiniões mais aprofundadas especificamente sobre a novela do Silvio de Abreu, já que não acompanhei. Mas a sorte da vilã me fez lembrar de pelo menos dois filmes brasileiros recentes em que os vilões ricaços se dão bem, o Brasília 18% do Nelson Pereira e o Bens Confiscados do Carlão Reichenbach (ainda que no melodrama do Carlão o senador não seja um vilão típico, inclusive porque nem sequer aparece).
Sobre isso, vale lembrar um comentário revelador feito pelo Nelson na entrevista à Folha, no trecho em que ele fala que soaria pouco crível terminar seu filme com a punição dos culpados. É isso. Ninguém no Brasil acredita atualmente que os corruptos sejam punidos, e as ficções não podem fugir dessa constatação (que, tanto em Brasília 18% quanto em Bens Confiscados, deixa os protagonistas atônitos).
Tradicionalmente, a regra da dramaturgia é que se puna os vilões, mas o caminho escolhido pelo Carlão, pelo Nelson e pelo Silvio de Abreu foi o oposto - e, se nos três isso tem um aspecto inequívoco de provocação ao espectador, foi justamente na novela desse último que a coisa se configurou como um tapa na cara, mesmo que com luva de pelica.

Também, pudera... É difícil escapar desse sentimento de descrença e insatisfação na nossa época, quandoo partido do mensalão e o partido da emenda da reeleição voltam a disputar o poder mais uma vez - afinal, são os dois partidos mais fortes na praça, e ninguém aposta um centavo nas chances de vitória de outras alternativas nas eleições de outubro.
O que não quer dizer que não haja alternativas. E eu não sei vocês, mas eu prefiro votar num candidato que tem 1% nas pesquisas do que ter que escolher entre dois partidos sabida e comprovadamente corruptos e incompetentes. Prefiro mil vezes o Cristovam Buarque a ter que escolher entre esses políticos medíocres que só não se aliam nacionalmente porque disputam espaço em São Paulo (porque em termos de propostas e administração eles são bem parecidos, né?).
Daniel Caetano

12.7.06

A Copa de Cinedine

Bem, ok, o momento de síndrome de abstinência pós-Copa já está passando.
Antes que fique tarde, façamos algumas considerações.

Sobre o Brasil
A primeira, mais óbvia, é que foi realmente uma pena que o Parreira não tenha dado ouvidos à Contracampo. Basta olhar a escalação que propusemos, numa nota mais aí embaixo. Antes de mais nada, porque foi uma besteira gigantesca levar três centroavantes (Ronaldo, Adriano e Fred) e somente um atacante rápido e de criação (Robinho). Quando este único atacante se machucou, Parreira se viu obrigado a insistir com um esquema de dois centroavantes que, enfim, se provou equivocado.
Do mesmo modo, é pena que o técnico tenha insistido na escalação do que o Rodrigo chamou de "ex-jogadores".
Assim como a Contracampo tinha razão em apontar que Ronaldinho Gaúcho é um ponta-de-lança que depende de atacantes rápidos, não é atacante (como, aliás, o Kaká comentou em plena Copa). Meu amigo Valente, creio que os jogos comprovaram que Gaúcho no ataque não dá. Ainda mais se for só pra encaixar o Juninho no meio-campo - mas isso agora já é uma questão ultrapassada.
Também gostaria de dizer que concordo muito com nosso (ainda muito querido) Ronaldo gordo, que recentemente declarou que os torcedores brasileiros têm dificuldade de aceitar a pura e simples derrota, sempre inventando teses para explicar o óbvio. Ronaldinho Gaúcho e Kaká não renderam? Talvez isso se deva mais ao fato de estarem cansados ou do esquema do time nunca ter se acertado do que a serem "mercenários". Aliás, é curioso acompanhar a imprensa de São Paulo e ver como o Kaká - que é excelente jogador e merece outra chance, mas foi de longe o pior em campo na derrota para a França - é protegido nas avaliações e escolha dos "vilões".
Com relação a isso, finalmente gostaria de chegar ao ponto central: concordo que há uma grande dose de arrogância na composição da derrota, mas não vejo a arrogância no salto alto. O problema que todos esses detalhes indicam é evidente: Parreira (assim como boa parte da torcida) tem total convicção de que o ataque brasileiro sempre será excepcional, em qualquer circunstância. Isso é uma postura arrogante - acreditar que basta acertar a defesa que "no ataque o pessoal resolve". Pois, como comentou Juan, não foi somente por ter tomado um gol que o Brasil perdeu, mas também por não ter feito outros tantos - nem sequer ameaçou. Nossa defesa estava ótima, mas nosso ataque estava péssimo.

Sobre Zidane
Esse senhor resolveu tirar a Copa para desmentir o comandante Parreira, não é mesmo? Não bastasse ter desmontado o esquema brasileiro, ainda resolveu tomar essa Copa para si, como raros jogadores conseguiram, e nos faz desconfiar que há uma nova prova de que nosso técnico estava errado quando disse que apenas os vencedores são lembrados. Ou será que da final de 2006 alguém se lembrará mais dos desarmes do Cannavaro do que do pênalti batido por Zidane ou da cabeçada em Materazzi?
Olha, eu sei que sou minoria (esse é um dos casos em que eu sinto que ninguém concorda comigo) mas achei aquela expulsão um vacilo do juiz - acho que um amarelinho estava de bom tamanho. Não é pra ser conivente com a violência ou a boçalidade, mas peraí: o Figo já tinha dado cabeçada em um holandês na Copa e tomou amarelo. E eu acho errado que se puna com mais rigor um troco numa discussão do que uma falta que pode quebrar a perna de alguém. Sempre achei isso. Mas o juiz argentino que não dava vermelho para solada na perna alheia deu amarelo pra uma cabeçada e expulsou o craque. Pra mim, aquele juiz quis ser mais vedete que o craque. De resto, quem acompanhou a carreira do Zidane sabe que ele sempre foi cabeça-quente e recordista em cartões. Mas foram dele as imagens da Copa. No youtube já tem a cena da cabeçada em diversas versões: há uma hilária com um narrador francês que se desespera; mas essa outra tem a imagem mais forte, exibida na transmissão da Tv para o mundo todo, quando Zidane passa, de cabeça baixa, ao lado da taça da Copa.
O pessoal fica falando mal do gesto do Zidane e até está certo - é evidente que o time perdeu com a atitude destemperada. Mas com um pouco de esforço a gente pode lembrar de coisas parecidas feitas por outros craques. Que tal Pelé dando uma cotovelada num uruguaio em plena semifinal da Copa de 70? Como se sabe, o juiz acabou marcando falta a favor do Brasil. Mas e se tivesse expulsado o cara? Ele não poderia jogar a final.... E Garrincha em 1962, acertando um pontapé no adversário também numa semifinal da Copa? Na situação, até o Jango escreveu para a Fifa pedindo que o jogador estivesse na final... E Maradona em 82, metendo a trava da chuteira no peito do Batista e sendo expulso (aí sim, numa atitude bem mais violenta, numa disputa de bola) no jogo em que o Brasil eliminou a Argentina?
Enfim, Zizou sifú... Quanto ao cabeceado Materazzi, o globo online e a Nomínimo descobriram dois vídeos impressionantes também no youtube que mostram a categoria do herói italiano. Vale conferir aqui e aqui.

Sobre os debates esportivos na TV
Ok, a concentração da nossa seleção virou o equivalente esportivo do Big Brother Brasil, mas como é pobre e sem sal essa cobertura feita só pela Globo, hein?
Eu sei que essa frase sempre soa estranha, mas: ah, que saudade de 94!
Pô, que troço horrível aquele Bem, Amigos, pelamordedeus!
E esse ano teve uma outra coisa péssima: os comentaristas clássicos da Bandeirantes ficaram escondidos em canais por assinatura. Quer dizer, de vez em quando o Silvio Luiz aparecia nos debates noturnos, mas trabalhava mesmo no canal de assinatura da Band. O programa mais prestigiado fora da Globo era o do Milton Neves, que, enfim, é aquele negócio, né?
Enqunto isso, ficamos privados dos dois melhores comentaristas do país, aqueles que realmente entendem de táticas, organização e movimentação dos times: O Tostão escreveu sua coluna para a Folha com a genialidade de sempre, mas só participava eventualmente de uma mesa da ESPN Brasil (por assinatura); e o Gérson, o grande Canhota de Ouro, não participou de nada na TV. É pena - são dois caras que sempre fazem as coisas ficarem realmente mais claras para quem assiste aos jogos.

Se a Copa desse prêmios como um Festival de Cinema
Prêmio Ralph Macchio de pior ator: Cristiano Ronaldo
Prêmio Robin Williams de canastrão mais chato: Luís Felipe Scolari
Melhor produção: defesa italiana
Pior produção: preparação da seleção brasileira
Melhor direção: Marcelo Lippi, técnico italiano, e Jurgen Klinsmann, técnico alemão
Pior direção: Luca Toni, atacante campeão, e Pauleta, atacante português; menção desonrosa para Valdez, atacante do Paraguai, e para todos os atacantes de seleções africanas
Prêmio Araribóia de figuraça da Copa: pro francês maluco, é claro.

Bem, a vida continua.
Agora, vamos à final da Copa do Brasil! Dá-lhe, Dá-lhe Mengo!
Daniel Caetano

11.7.06

Cinema Brasileiro Hoje

De 14 a 30 de Julho, a mostra Raízes do Século XXI - Cinema Brasileiro Contemporâneo vai exibir 17 longas, 13 curtas e realizar 4 debates no mais novo centro cultural do Rio de Janeiro: a Caixa Cultural. Com curadoria de Hernani Heffner, a mostra tenta lançar um olhar crítico sobre as novas tendências de criação da área cinematográfica no Brasil hoje, evidenciando-as como um novo recorte de apresentação/reflexão do que se delineou entre os anos de 1995 e 2005. A idéia é a da valorização de projetos estéticos diferenciados, caminhos de investigação que procuram trilhar caminhos e novas formas de apreensão do cinema no país. Filmes como Madame Satã, Cidade de Deus, O Prisioneiro da Grade de Ferro, Cinema, Aspirinas e Urubus, Cidade Baixa e Crime Delicado (para citar alguns destaques) trazem à tona as questões e as possibilidades de um cinema que tenta hoje encontrar caminhos de afirmação e redirecionamento. Os quatro debates realizados serão os seguintes: dia 18/07, às 19hs: Reação, Articulação e Forma: um novo cinema brasileiro? (debate com os realizadores Marcelo Gomes, Ricardo Elias, entre outros); dia 20/07, 19hs: Uma nova crítica para um novo cinema? - limites, interseções e embates. (debate com os críticos Alexandre Werneck, Ruy Gardnier, Cléber Eduardo, Pedro Butcher e Carlos Alberto de Mattos); dia 25/07, 19hs: Renovação Técnica, Reflexão Estética: uma nova forma de fazer cinema? (com o montador Paulo Sacramento, o fotógrafo Mauro Pinheiro Jr., o roteirista Paulo Halm, entre outros); e no dia 27/07, 19hs: Corpos, Atores, Personagens: o cinema brasileiro e seus intérpretes. (com Simone Spoladore, Flávio Bauraqui, entre outros). A Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, 25, Centro (ao lado do Metrô Carioca). Vejo vocês por lá!
Felipe Bragança

CQD

Já muito escrevemos aqui em torno do maior alcance que uma exibição numa rede de televisão permite a um filme nos dias de hoje - uma obviedade, na verdade. Pois bem, circulou essa semana a notícia de que O Homem que Copiava obteve cerca de 41 pontos em sua exibição em rede aberta, na medição do Ibope. Como cada ponto indica algo em torno de 80 mil espectadores, descobrimos que, em uma única exibição, o filme do Jorge Furtado teve cinco vezes mais espectadores do que em seu lançamento nos cinemas (isso porque ele teve uma bilheteria bem boa, em torno de 700 mil espectadores). Como se comprova, há remédio para a falta de acesso do público aos filmes brasileiros: a exibição em televisão (ainda mais para os que tiveram público muito menor do que o filme do Furtado).
Trata-se de uma obviedade, mas é sempre bom lembrar, como rolou com essa notícia do ibope.
Daniel Caetano