29.12.03

Deus também é cultura...
Picaretagem ou inovação? No final de 2002, a Igreja Universal do Reino de Deus comprou as duas salas do Cine Largo do Machado, aqui no Rio - e, depois de alguns meses funcionando com seus famosos cultos (e de ter transformado a telona da Sala 1 num altar), começaram a ter problemas sérios com a legislação que proíbe que qualquer espaço de cultura da cidade seja comprado e utilizado para outros fins...
A solução? Passo semana passada no local para comer uma esfiha no árabe da galeria (o melhor do Rio) e vejo a seguinte faixa sobre os letreiros da sala: "EM BREVE: CENTRO CULTURAL EVANGÉLICO UNIVERSAL - Apoio: Igreja Universal do Reino de Deus". Pelamordedeus (com trocadilho!): cara de pau tem limite ou as coisas andam mesmo muito estranhas na gestão cultural dessa cidade?!
Resolvi perguntar aos responsáveis pelo espaço o que diabos (com trocadilho!) iria acontencer ali de, digamos, "cultural". Um pouco constrangidos, os dois me apontaram que a loja de pipoca passaria a vender CDs evangélicos e que uma "galeria de arte" seria instalada nos corredores que levam aos banheiros...
E sobre o cinema?, perguntei - "Ah, sobre o cinema, estamos tendo sessões às 13h00 na Sala 2". Qual a programação? "Não sabemos". Como eu faço para saber? "Ah, só quando abrir o centro cultural, quanto teremos que fazer mais de uma sessão por dia...". Sei, "teremos de fazer" (tanta disposição cultural já estava me deixando emocionado)...
Pergunta final, a cereja em cima do bolo: e a sala aqui debaixo, continuará sendo uma igreja, né? "Igreja?", me questiona um deles: "Não, aqui embaixo acontecem as 'palestras'"... Um longo suspiro, uma quase risada depois, me despedi dos dois rapazes, claramente constrangidos com meu interesse por sua fachada (quer dizer,"faixa"). Palestras, né? Sei...
Mas aí eu fico pensando: se fazer culto religioso pode ser agora vendido como "palestra cultural", o que impede alguém de fundar a "Igreja da Adoração ao Cinema" e exibir filmes com facilidades fiscais e isenção de impostos, como todo bom e respeitável templo evangélico carioca? Deus e suas linhas tortas...
Foi mal o desabafo.
(Felipe Bragança)

21.12.03

Reta final...
Vai até terça-feira, 23/12, a Retrospectiva Julio Bressane no CineSesc. Para quem deixou para aparecer nos últimos dias, ainda há tempo para ver algumas pérolas como Matou a Familia e foi ao Cinema (em cópia nova), no dia 21 às 17h30, e o raríssimo "curta-manifesto" Viola Chinesa (com Grande Othelo e fotografia de um Walter Carvalho iniciante), dia 23, às 16hs. Além de conferir a exposição dos cartazes originais dos filmes. Apareçam...
(Felipe Bragança)

19.12.03

Back in Action
Depois de longo e tenebroso inverno, a seção DVD/VHS retorna com uma edição dedicada ao genial Joe Dante, por ocasião da estréia de seu Looney Tunes – De Volta à Ação. Como introdução à coletânea de textos sobre todos os seus filmes lançados em video no Brasil, indicamos o texto de Filipe Furtado publicado na edição 50. Vale destacar ainda a estréia de dois novos colaboradores (Guilherme Martins e Paulo Ricardo de Almeida, cujos blogues podem ser acessados em Free As A Weird e Los Olvidados, respectivamente) e as sempre bem-vindas Fitas do Sótão. Boa leitura!
(Fernando Verissimo)

18.12.03

Outra coisa: nosso amigo RD passou o link de uma entrevista com Jorge Furtado publicada na Carta Maior que merece uma boa leitura. Fica aí a dica.
(Daniel Caetano)

Homenagem a Helena Ignez no CCBB-RJ
Copacabana Mon Amour passa hoje, amanhã e sábado, no cinema.
Sem Essa Aranha passa amanhã e domingo na sala de vídeo.
O Bandido da Luz Vermelha passa na sala de cinema amanhã e domingo.
Passam também O Pátio, primeiro curta de Glauber, e Cara a Cara e A Família do Barulho, do Bressane.
Programa imperdível pra quem for do Rio. Essa mostra termina domingo, dia 21/12, então é bom correr.
Com todo respeito que merecem as demais - Helena Ignez é a maior atriz do cinema brasileiro.
(Daniel Caetano)

14.12.03

Coni Campos na terça-feira
A Editora Azougue nos informa que o livro Cinema: Sonho e Lucidez, coletânea de textos de Fernando Coni Campos, vai ser lançado nesta terça-feira, dia 16/12, às 20hs no Espaço Unibanco, com direito a um coquetel e filme - às 21h40 vão exibir o filmaço Ladrões de Cinema lá mesmo.

Cachaça na quarta
E a sessão cineclubística mais concorrida do Rio tem uma nova edição essa semana, comemorativa, é claro. Vão exibir "filmes musicais numa noite especial": Álbum de Música, do Sérgio Sanz; Coruja, da Márcia Derraik e do Simplício Neto; Tim Maia, do Flávio Tambellini; e Bethania Bem de Perto, do Eduardo Escorel e do Julio Bressane - na boa, só tem filmão!
Depois da sessão tem farra - festão no Bola Preta, custando cinco contos.
(Daniel Caetano)

10.12.03

Sem desmerecer as vozes de nossos astros globais, à frente de uma competente equipe de dubladores (imagino – Felipe Bragança me informa que nossos dubladores estão entre os melhores do mundo), sinto-me na obrigação de deixar aqui meu protesto: QUEREMOS CÓPIAS DE LOONEY TUNES – DE VOLTA À AÇÃO LEGENDADAS! Resta a pergunta, em tom melancólico: melhor perder as piadas originais ou esperar pra ver em DVD?
(Fernando Veríssimo)

Vai começar...
Estou indo hoje pra São Paulo para cuidar da organização da retrospectiva do Bressane lá no CineSesc. A mostra começa na sexta-feira, dia 12, e, de cara, exibe um dos melhores e mais raros filmes do diretor: Memórias de um Estrangulador de Louras, de 1971, na sessão das 21h00. Dia seguinte, no Sábado (13/12), tem um debate especialíssimo com Jean-Claude Bernardet e Arthur Autran logo após a exibição de Cuidado Madame. Serão doze dias nesse pique, então já tá mais do que na hora d'eu arrumar minha mala. Até lá. Ah, e por conta disso, minha Coluna de TV deve ficar desfalcada semana que vem, aos leitores peço paciência. Até a volta.
(Felipe Bragança)

Convém saudar O Inacreditável Fenelon à sua justa medida. Guilherme realizou um feito duplamente marcante. Primeiro por ressuscitar o folhetim, estilo literário desaparecido com a saudosa Suzana Flag. E segundo por recuperar a memória de Fenelon Macedo, grande injustiçado da história do cinema nacional. Isso, claro, descontando os excessos próprios a uma obra de ficção: todos sabem que Branca Dias nunca foi mulata. Fica aqui uma pergunta, a quem de direito: quando teremos uma retrospectiva Fenelon Macedo? E uma dica: antes do Guilherme, um grande cineasta nosso já havia brincado com o universo do cinema brasileiro. Trata-se de Glauber, que assinou uma peça teatral engraçadíssima e esclarecedora.
(Carim Azeddine)

8.12.03

Informes mil
Vamos começar aqui pelo PG mesmo: já temos contracampete(s) e contracampão do mês. E chegou ao fim o folhetim do Guilherme, O Inacreditável Fenelon, que muito orgulho nos deu em ter publicado por aqui.

Saindo da Contra, mas ainda na internet: já há alguns meses foi publicada a nova edição da revista argentina Otrocampo, centrada no tema A Cidade e o Cinema, com ensaios diversos sobre a relação dos retratos cinematográficos com as cidades que os originam - descontem a auto-propaganda, porque tem um artigo meu por lá, mas há outros ensaios que são bons pra caramba e merecem a leitura.

Outra na internet: há um novo site de cinema na praça bastante bom, feito por uma turma bacana do ABC paulista. É o Cinema Imperfeito, que desde já merece uma boa visita pra ler o artigo do Francis Vogner sobre o Jairo Ferreira, entre outros. Boa sorte aí pra turma.

Vamos à programação,começando por Sampa, que vai estar tremendamente animada em termos de cinema esses dias: no CCBB, Sampa recebe a mostra Inquietações Subterrâneas - Cinema Russo experimental e de Animação Contemporâneo, exibindo uma retrospectiva da obra de Yevgeniy Yufit (1984-2002), virtualmente desconhecido no Brasil - taí boa oportunidade pra conhecer. Enquanto isso, o CineSesc está apresentando desde o dia 3 a IV Retrospectiva do Cinema Brasileiro, que vai até esta quinta-feira, dando aos paulistanos uma boa oportunidade de rever filmes como Nelson Freire, Separações e Ônibus 174. Depois, começa a mostra Julio Bressane que está sendo organizada pelo pessoal aqui da Contra junto com o CineSesc (isso ainda vai render uma pauta especial a ser publicada aqui, como o Felipe já avisou).

Aqui no Rio, temos a 9ª Mostra de Cinema Etnográfico, que pediu que a gente divulgasse que serão realizados um workshop ("A Construção do Filme Etnográfico", com Carlos Rodrigues Brandão e José Inácio Parente) e dois seminários ("Atualidade do Cinema Digital" e "Filmagens em Condições Adversas", os dois coordenados pelo Luiz Carlos Saldanha, o que por si só já é motivo pra recomendação). Pra quem quiser se inscrever, é só tratar com o Emílio no e-mail emiliodomingos@hotmail.com.

Enquanto isso, numa certa galeria em Laranjeiras...
Deixamos o melhor pro final: enquanto isso, a Sessão Jiguê do Cine-Buraco, reprisando a mostra Cinema Brasileiro - A Vergonha de uma Nação, vai exibir nessa sexta-feira, dia 12/12, o filme Emanuelo, o Belo, do mítico Nilo Machado (o célebre autor da regra "tudo monta", vejam o filme e vocês entenderão...). Pra quem não viu, é programa imperdível. É às 21h30 de sexta-feira e o Cine-Buraco fica na galeria 336 da Rua das Laranjeiras. Na semana que vem, dia 19/12, o filme a ser exibido é Com As Calças Na Mão, do Carlo Mossy.

É isso.
(Daniel Caetano)

Ganhadores da Promoção
Conforme prometido, aqui vão os resultados da promoção Contracampo/Cinemagia. E os DVDs vão para:

Histórias Extraordinárias -- Theo Costa Duarte (MG)
A Dança dos Vampiros -- Fábio Jun Yamaji (SP)
1969 - O Ano que Mudou Nossas Vidas -- Diego Costa Assunção (SP)
Coleção Mazzaropi - Volume 3 -- Sabrina Garcia (RJ)

Os vencedores devem aguardar nosso contato por email para coletarmos os dados necessários para o envio.
Aproveitando ainda para agradecermos a todos que participaram.
Valeu! e até a próxima.
(Fernando Veríssimo)

1.12.03

Sem comentários...
Bem, nós temos que ser muito gratos ao ennetation, afinal o site nos faz gratuitamente esse serviço de oferecer aos leitores a possibilidade de comentar os posts. Muito gratos somos, mas é bom que os leitores saibam que às vezes temos alguns problemas. Às vezes a conexão trava, e aí tanto o comentarista pode se enervar e clicar muitas vezes pra enviar o texto - é isso que gera os comentários repetidos - como o texto escrito pode simplesmente desaparecer, não sendo publicado junto a outros comentários.
Como diriam maus humoristas, até aí tudo bem. Agora temos um novo problema: comentários publicados não estão sendo registrados. Estão aí embaixo, publicados depois das notas, mas ao pé de cada uma, nos últimos dias, não são registrados novos comentários - as mais recentes indicam "nenhum comentário" quando de fato temos alguns lá.
Enfim, isso há de se resolver logo com umas mudancinhas que vêm aí. Até lá, continuamos muito gratos ao ennetation - mas catando alternativas.
(Daniel Caetano)

Tela Brasilis especial de fim de ano - Arraial do Cabo e Porto das Caixas
Para encerrar o ano de sua estréia no MAM em clima festivo, o Cineclube Tela Brasilis propõe uma sessão especial em homenagem a dois grandes nomes da cinematografia nacional, a dupla Paulo César Saraceni e Mário Carneiro, cujo co-dirigido curta-metragem Arraial do Cabo (1959) é tido como marco inaugural do Cinema Novo. O filme, um dos primeiros documentários brasileiros a debruçar-se sobre o universo popular, retrata o impacto que a instalação de uma fábrica causa no cotidiano de uma vila de pescadores. Junta-se a ele nesta sessão o belíssimo Porto das Caixas (1962), outra obra-prima concedida pela dupla ao movimento (neste Mário Carneiro não co-assina a direção, sendo novamente responsável pela fotografia), com música composta por Tom Jobim e argumento do escritor mineiro Lúcio Cardoso (o primeiro da "Trilogia da Paixão", como se denominou a parceria entre diretor e escritor), inspirado no então famoso "crime da machadinha". A sessão contará com a presença dos homenageados, que participarão de debate mediado pelo pesquisador Miguel Pereira, professor da PUC-RJ. Mais informações na revista de cinema Cinestesia.
(Felipe Bragança)

Retrospectiva Julio Bressane 2003
Depois da versão carioca em 2002, São Paulo vai receber entre os dias 12 e 23 de Dezembro a Retrospectiva Julio Bressane: Cinema Inocente, mostra quase completa (ficaram de fora os filmes ditos "perdidos" e os ainda não estreados), com 30 obras do cineasta (entre filmes e videos) e organizada pela Contracampo no espaço do CineSesc.

Além de clássicos como O Anjo Nasceu e Matou a Familia e Foi ao Cinema (em cópia nova), serão exibidos filmes inéditos em São Paulo há pelo menos 10 anos (como os três títulos da Belair Filmes) e algumas pérolas recuperadas especialmente para retrospectiva, como os dois filmes do exílio londrino do cineasta (Memórias de um estrangulador de Loiras e Amor Louco/Crazy Love, de 1971 - esse último ganhando também uma nova matriz patrocinada pelo evento a partir da única cópia do filme disponível no Brasil).

Para complementar a maratona, serão realizados ainda dois Debates (um com Jean-Claude Bernardet e Arthur Autran, dia 13/12, outro com a presença do próprio Julio Bressane, dia 17/12), além de uma exposição de cartazes com uma trajetória completa de seus quase quarenta anos de cinema. Mais informações e a programação completa vão estar aqui no site a partir do dia 12/12. Está feito o convite!

Ah, já íamos esquecendo: será distribuidos aos presentes um Catálogo Retrospectivo (1200 exemplares), com documentos inéditos, fotos e uma entrevista exclusiva dada pelo cineasta ao nosso editor-curador-mediador, Ruy Gardnier.
(Felipe Bragança e Marina Meliande)