27.7.03

Homenagem a Alex Viany em três dias na Casa de Rui Barbosa
Aproveitando o lançamento do livro Alex Viany – crítico e historiador, de nosso colaborador Arthur Autran, a Casa de Rui Barbosa, em parceria com a Cinemateca Brasileira e o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, organiza uma pequena mostra dos filmes de Viany.
Dia 30, começando os trabalhos, será exibido Ana (1955), curta-metragem parte do projeto Rosa dos Ventos, com diretores de diferentes nacionalidades. Depois, mesa-redonda sobre a obra escrita de Alex Viany e lançamento do livro de Arthur Autran. No dia 31, o pesquisador Hernani Heffner apresenta Agulha no Palheiro (1952), precursor do realismo social no cinema brasileiro. No dia seguinte (1/8), Carlos Roberto de Souza (da Cinemateca Brasileira) apresenta A Noiva da Cidade (1978), último longa de Viany.
A Casa de Rui Barbosa fica na Rua São Clemente, 134, em Botafogo. Todas as sessões começam às 18h.
(Ruy Gardnier)

24.7.03

Cinemateca do MAM homenageia Walter Hugo Khouri e exibe filmes alemães raros em agosto
No mês de agosto, 15 filmes de Walter Hugo Khouri relembrarão grande parte da obra do diretor, morto no mês passado. Dos primeiros filmes, os destaques são A Ilha e Noite Vazia, esse último considerado sua obra-prima. A mostra ainda passará grande parte dos filmes que Khouri fez nos anos 70, a maioria indisponível em vídeo (O Anjo da Noite, Paixão e Sombras, Palácio dos Anjos), e ainda exibirá os dois últimos filmes do diretor, Paixão Perdida e As Feras, o último lançado anos depois de terminado (por problemas com Massaini, produtor) e saído de cartaz na semana seguinte. Mesmo para quem não admira lá muito a obra de Khouri, essa bem-vinda mostra ainda tem o mérito de reunir uma miríade de atrizes excelentes e deslubrantes que povoaram o cinema brasileiro nos anos 60-70, como Adriana Prieto, Selma Egrei, Sandra Bréa e Lilian Lemmertz.
Dez raros e importantes filmes da produtora alemã UFA complementam a programação de agosto da Cinemateca. Entre os destaques estão A Morte Cansada e Os Espiões de Fritz Lang (o último será acompanhado de piano ao vivo por Cadu), Tartufo, Fausto e A Última Gargalhada de Murnau, Asfalto de Joe May, O Golem de Paul Wegener e Madame DuBarry de Ernst Lubitsch.
(Ruy Gardnier)

23.7.03

Cachaça Cinema Clube no Odeon, 20h30
Só para lembrar a todos os leitores cariocas (e deixar com água na boca os "estrangeiros") que hoje, dia 23, acontece mais uma edição do Cachaça Cinema Clube, evento desde já histórico do cineclubismo brasileiro. Por quê? Por passar exclusivamente curtas-metragens num horário nobre de um cinema de 600 lugares; mais ainda, porque a curadoria só seleciona filmes de teor experimental e/ou com fortes diretrizes formais; e, ainda por cima, por selecionar e exibir juntos filmes recentes, ou até inéditos, com filmes antigos, alguns já tornados clássicos. A sessão de hoje não tem nenhum cineasta homenageado (como já o foram Rogério Sganzerla, Glauber Rocha, Leon Hirszman...), mas investe pesado em filmes recentes que vêm sendo muito bem falados: "Uma Folha Que Cai", de Ivo Lopes Araújo; "O Resto É Silêncio", de Paulo Halm; "Diário do Sertão", de Laura Erber; e "Uma Estrela Para Ioió", de Bruno Safadi.
No final, como se já não bastasse, os organizadores ainda oferecem um gostinho da cachaça Magnífica, gratuitamente.
(Ruy Gardnier)

16.7.03

Enquanto isso, na Trafic...
Trafic, para quem não sabe, é uma publicação trimestral fundada por Serge Daney e editada por um conselho editorial que reúne Sylvie Pierre, Raymond Bellour, Patrice Rollet e o recém-falecido Jean-Claude Biette. Formato de livro (estilo Cinemais), majoritariamente de ensaios mais longos e documentos sobre filmes e realizadores, a Trafic é uma das publicações mais relevantes sobre cinema no mundo (alguns diriam "a mais"). As edições de 2003 são de deixar babando. O número 44 tem um roteiro de João César Monteiro para uma adaptação de "A Filosofia na Alcova" do Marquês de Sade, texto de Agustina Bessa-Luís (roteirista de Manoel de Oliveira) e um artigo de Peter Tscherkassky (realizador do espetacular curta Onírico/Dream Work) falando de seu cinema. A edição 45 traz uma série de textos sobre o pensador Aby Warburg (escritor que vem sendo a febre recente de nosso Júlio Bressane), texto de Jim Jarmusch sobre Cassavetes, Michael Snow em texto e análise (de seu filme *Corpus Callosum). O número mais recente, 46, traz um comovente texto de Jonathan Rosenbaum falando sobre a relação entre as cidades em que viveu e como o cinema se relacionava com elas, além de dois textos sobre som no cinema (um deles é sobre o período do compositor Arnold Schönberg em Hollywood) e um texto do cineasta Chris. Marker. Para quem não sabe onde encontrar, no Rio de Janeiro a Mediateca da Maison de France (Av. Presidente Antônio Carlos, 58/11º andar) disponibiliza para empréstimos (assim como a Cahiers du Cinéma, a Positif, Les Inrockuptibles e uma extensa e selecionada série de livros sobre cinema – todos em francês). A visita é recomendada.
(Ruy Gardnier)

Mais Cahiers
Com a edição 581 (julho-agosto 2003) dos Cahiers du Cinéma, chega uma nota editorial de Charles Tesson informando aos leitores sobre a situação da revista, ou ao menos sobre as informações que eles receberam, sempre de fontes externas. A nota é a seguinte: "Quanto a nós, os Cahiers vivem num sério turbilhão desde a publicação no Libération (diário francês, ndr) de fragmentos de uma nota confidencial redigida por François Maillot, diretor geral, dirigida à direção do Le Monde, principal acionário das Éditions de l'Étoile. A nota, que diz respeito principalmente a projetos de remanejamento da equipe editorial, suscita vivas e legítimas inquietações. Saberemos mais em setembro." No mais, a edição traz Godard duas vezes (relato de Alain Bergala sobre a filmagem de Notre Musique, título provisório do próximo longa de JLG filmado em Sarajevo, e conversa de France Gall com JLG sobre o clip que o diretor fez da cantora, "Plus Haut"), um dossiê sobre as séries de TV norte-americanas (24 Horas e Os Sopranos com mais destaque), homenagem a Janine Bazin e Jean-Claude Biette, além de crítica positiva de Lavoura Arcaica de Luiz Fernando Carvalho. A novela continua...
(Ruy Gardnier)

11.7.03

Cahiers du Cinéma na berlinda
Anunciando uma perda de faturamento de 700 mil euros em 2002, o diretor de redação das Éditions de l'Étoile François Maillot colocou os editores e a recente fórmula editorial da revista na parede. A crise instaurou-se não tanto através dos números – embora uma queda de assinantes na casa de 11% no último ano tenha sido constatada –, mas através de como o grupo Le Monde (que tem controle acionário das Éditions de l'Étoile, editora que distribui os Cahiers, tanto as revistas quanto os livros editados pela revista) pretende "reformular" editorialmente os Cahiers para que a revista volte a "funcionar". Numa carta/relatório anônima, Maillot dá seis possíveis rumos para a revista, o mais apocalíptico sendo o fim da revista, o mais brando sendo a demissão do editor-geral e redator desde os anos 80 Charles Tesson e a perda de poder do redator-chefe Jean-Marc Lalanne, principal responsável por sustentar a linha editorial que vinha nos últimos anos especulando sobre as relações do cinema com o novo mundo do audiovisual: clips, séries televisivas, videogames, reality shows.
No começo dessa semana, Jean-Michel Frodon, crítico de Le Monde, foi nomeado como interventor-geral, propondo um projeto editorial com o estigma da "restauração": fazer retornar a revista antigos redatores (sabe-se lá se ele fala da geração de Jean Douchet [anos 60], da de Alain Bergala [ anos 70-80] ou a dos anos 90 que não dá mais as cartas [Emmanuel Burdeau, Stéphane Bouquet, Thierry Lounas]), concentrar-se no cinema (lógica um tanto reacionária) e "publicar textos de referência" (??!!).
Aconteça o que acontecer, com essa política de Frodon será a primeira vez que os Cahiers tomam uma guinada francamente conservadora na relação com o cinema (o "período rohmer" de adoração do classicismo ao menos tinha a vantagem de tentar dar voz a todos os argumentos radicais de cinema, à direita ou à esquerda) e se distanciam daquilo que fez da publicação uma das mais importantes do século XX: ela sempre tentou ser fiel à sua época.
Espera-se que a atual equipe, neste exato momento em estado de greve, consiga fazer valer alguns pontos e evitar esse lamentável "golpe de estado". Falhos ou não, o mérito dos Cahiers é de ser sempre a revista que arrisca à frente dos outros e consegue ir sempre contra o senso comum vigente na crítica, francesa ou de alhures.
(Ruy Gardnier)

10.7.03

Olha, é coisa rara aqui no Contra-Blog a gente dar links de blogs. Nada contra, sem dúvida, mas a oferta é tão grande que fica difícil ainda definir o que está valendo ou não - e aí é cada um pesquisando por si e a Contra na sua. De todo jeito, já importamos aqui pro Plano Geral um post do blog do nosso dizáiner Tiagão, que virou crônica aqui do lado - e o blog do Tiagão, não custa lembrar, é uma tremenda diversão, apesar dele mesmo ter dado àquilo o nome de a mais completa perda de tempo.
Pois é. isso tudo pra dar o link de um blog... sobre música! É sobre música, mas está intimamente ligado à Contra por razões óbvias. Dêem uma olhada lá pra descobrir o motivo - se chama Pra Coisa Nenhuma. Mesmo.
Eu confesso que conheço bem pouco dos nomes citados por ali - mas isso em si não é problema, é até vantagem porque a gente aprende mais um pouco.
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Já que a nota é sobre música, fica também a sugestão de uma olhada nos novos lançamentos da gravadora Kalimba. Os recém-lançados discos do violonista e compositor Gabriel Improta e do (grande) sax-flautista Ion Muniz são muito bons, realmente fabulosos, e são uma boa dica pra quem gosta de música instrumental brasileira (samba, jazz, choro, baião, valsa e o que mais rolar). Além desses, a Kalimba já lançou dois discos (também incríveis) do trumpetista Barrosinho, aquele mesmo que fez parte da Banda Black Rio original. Para que esse post não fique sem falar de cinema, então: vale comemorar a feitura de um filme sobre Barrosinho, ainda em fase de finalização, dirigido pelo camarada Márcio Melges, tremendo agitador cultural. Agora é torcer pra esse filme ficar pronto logo, porque Barroso é um músico incrível e uma figura sensacional.
(Daniel Caetano)

9.7.03

Ir à Cinemateca do MAM pode trazer à memória coisas bastante tristes que aconteceram recentemente e que, bem, sejamos sinceros, ainda estão acontecendo - de uma maneira muito ruim. Não é muito fácil a gente ver aquele estardalhaço todo que rolou, com uma tremenda mobilização por um curto período, acabar tendo rendimento zero na prática (onde está a Cinemateca Carioca que a prefeitura ia construir? e a verba para ampliar a reserva técnica do Arquivo Nacional para caberem os filmes?) - o que dá um certo gosto amargo ir lá, mesmo que seja porque uma turma bacana quer reerguer um espaço histórico. Há um acervo maravilhoso no MAM, e provavelmente o melhor a fazer é ir vê-lo e fingir dissociar um passeio pelo MAM do apodrecimento dos filmes brasileiros antigos.
Enfim... Como já vem sendo divulgado por aí - e foi anunciado aqui pela Mariana Mansur num comentário a um post ali embaixo - a Cinemateca do MAM continua como sala de exibição do acervo de cópias de filmes estrangeiros. E, bem, todo mundo já sabe que esse acervo é excepcional. Esse mês já foram apresentados filmes de uns caras chamados Edison, Lumière e Griffith (e mais alguns) e fizeram também uma homenagem ao Wally Salomão passando o Gregório de Mattos da Ana Carolina. E, bem, nessa sexta-feira, às seis e meia, vai passar um filme do Alejandro Jodorowski chamado Fando y Lis - e desde já essa está sendo a boa pra começar o fim de semana. Jodorowski em película por estas bandas é coisa a se comemorar.
Isso evidencia que, mal ou bem, como sala de exibição o MAM é promissor. É pena que aquela outra questão ainda traz um cheiro ruim nas visitas ao museu. Quem sabe um dia isso muda - até porque a turma que está trabalhando pra reerguer aquilo lá com certeza não merece isso, e é muito bacana que estejam exibindo novamente um pouco daquele fabuloso acervo de filmes.
(Daniel Caetano)

4.7.03

Agora que temos Miguel Falabella para cuidar dos teatros do Rio e José Wilker para cuidar do cinema, perguntar não ofende: por que não transferir o comando da Prefeitura para o Projac?
(Ruy Gardnier)